O que há depois da morte? Os espíritos “vivem”?
Peregrina dos Mundos
Gostaria de falar sobre espíritos. Desde criança vejo e ouço espíritos. E posso tocar em alguns deles também. Tão real e concreto como quando se vê ou toca em qualquer pessoa “viva”. Poucas vezes tentei dizer isso a alguém, mas quase todas as vezes que tentei era recebida com olhares de susto e de estranhamento. Claro que quase ninguém me levava a sério, muitas vezes fui chamada de esquisita, de alienada ou só vista como uma garota com problemas que precisa chamar a atenção dos outros. Por isso começo a escrever com um aviso: não peço que acreditem, pois o que busco com estas palavras não é atenção ou aceitação, quero só falar sobre essa outra realidade que está aí para todos conhecerem. Cada um deve avaliar, fazer suas experiências e chegar às próprias conclusões. Nunca falei disso abertamente, apenas minha família e alguns poucos amigos sabem disso, por isso desculpem se o texto parecer “engessado”.
Queria começar falando um pouco de como isso funciona para mim, e depois passaremos a informações mais concretas que consegui nos meus estudos e experiências sobre o tema. Vejo espíritos desde criança. No começo eu não sabia que eram espíritos, só percebia que algumas pessoas pareciam “diferentes” das outras, falavam de temas que outras pessoas não falavam, sabiam aparecer e desaparecer… era mágica? Como aquelas pessoas faziam isso e por que eu não conseguia fazer também? Conforme cresci aprendi que o melhor que podia fazer era fechar a boca. Evitava um monte de broncas, idas para a sala da diretora, indicações de visitas à psicóloga e mais outros problemas… Finge que não vê que passa, certo? Errado, não passou. Então a saída foi lidar com a coisa. Minha infância foi vivida entre as pessoas “normais” e “os diferentes”, até que aos 6 anos, quando fui a um enterro pela primeira vez, soube que os tais diferentes na verdade eram pessoas como nós, que saíram dos seus corpos para sempre (ou, nas palavras dos adultos, morreram). Na adolescência as coisas foram um pouco mais fáceis, pois eu já sabia sobre o que precisava me informar, e principalmente já sabia o que falar e o que não falar, para quem falar e para quem não falar… Foi nessa mesma época, lá pelos 13 anos, que conheci a bruxaria, o que me ajudou muito a entender o que acontecia. Aos 16, não consegui escapar da psicoterapia, tinha muito medo de ficar louca de verdade vivendo nesses dois mundos… Como eu ia contar uma coisa dessas para a psicóloga? Bom, sou uma pessoa de muita sorte, pois a psicóloga era kardecista e super cabeça aberta! Resumindo, com a vida adulta a gente acaba percebendo que não é necessário fazer uma tempestade em copo d’água, que as pessoas são mesmo todas diferentes e que está tudo bem em ser como somos… Vamos percebendo que muitas outras pessoas passam quietas por situações semelhantes a nossa. Quando deixamos de olhar como um problema ou algo extraordinário, as coisas entram no domínio do comum, onde se pode ter acesso a elas com facilidade, estudando esses fenômenos, fazendo experimentos e vivenciando tudo com liberdade.
Desde que comecei a estudar esse tipo de fenômeno, fui registrando tudo em cadernos e no meu livro das sombras. O que trago neste texto é um resumo de algumas das informações que consegui. Quero deixar claro que todas essas divisões que vou colocar são apenas para facilitar a compreensão, não as levem a sério demais. Estes são os tipos de espíritos humanos, da forma como percebo:
– Espíritos perdidos: quase sempre são pouco lúcidos e estão mais assustados que você. Muitos nem mesmo sabem que estão mortos, e se você disser isso a eles, vão rir na sua cara. Chamo este tipo de “perdidos” porque geralmente estão na forma que estavam quando morreram: podem ter feridas e machucados no corpo que demoram a curar, a roupa suja de sangue… São “perdidos” porque após a morte permaneceram aqui no nosso mundo, não seguiram em frente. Quase sempre a morte ocorreu há pouco tempo. Acho que algumas pessoas apenas demoram um pouco mais para encontrar o caminho. Mas também existem aqueles que morreram há muito tempo, há vários séculos. Certa vez encontrei um homem que morreu no século XVIII, foi enforcado injustamente e queria vingança. Conversando com ele, percebi que para ele era como se o tempo passasse diferente (não por ser um espírito, me pareceu mais que a sede de vingança o deixou cego para todo o resto, incluindo a passagem do tempo e as mudanças no mundo ao seu redor). Depois de uma tarde e uma noite de muita conversa na sala da minha casa ele caiu em si e percebeu que os responsáveis pela morte dele já haviam morrido (e renascido outras tantas vezes, provavelmente) enquanto ele ainda estava na mesma, e caiu num choro desesperado. Seguiu em frente junto com os primeiros raios de sol daquele sábado. Se você consegue conversar com eles, saiba que podemos ajudar espíritos nessa situação, sempre com muita paciência e amor (lembre-se, eles são gente como a gente), levando-os a tomar consciência de sua condição e a compreender que se a vida acabou, a existência continua: é preciso seguir em frente ou fazer algo da nossa existência. Mas o que os prende aqui? Percebo que quase sempre são pessoas ou situações que eles relutam em deixar para trás, seja por apego, seja por sentimentos ruins. Pode ser até mesmo o medo de se separar de alguém especial (como crianças que morrem e não querem deixar os pais, por medo ou apenas para que a família não fique tão triste). Alguns ainda ficam aqui por medo, pois não sabem o que vão encontrar ao seguir em frente. O medo, a raiva e o amor/apego costumam ser as emoções mais frequentes, e isso nos mostra como são humanos. Esses espíritos sempre devem ser encorajados a seguir em frente. O lugar para onde vão não pode ser tão horrível quanto vagar sozinho por aí através dos séculos… Além disso, os espíritos precisam de energia como nós. Quando vão embora e voltam (vamos falar desse tipo de caso daqui a pouco), podem conseguir essa energia em outros lugares, mas os que permaneceram aqui, precisam “viver” na matéria, precisam que essa energia seja “mediada pela carne” como me diz um deles… e isso significa que em algumas ocasiões, ele precisará drenar um pouco da energia dos vivos. Inclusive a sua e a da sua família.
– Espíritos que ainda não terminaram sua “missão de vida”: Estes são semelhantes aos espíritos que acabamos de falar, também estão presos ao nosso mundo, também precisam de energia mediada pela carne (mas geralmente vão te pedir antes de drenar um pouquinho da sua e não vão se fartar, vão usar apenas o necessário; podem ainda pedir que você dê a eles um pouco de energia, como ocorre nos “passes”, o que costuma ser mais confortável para os “vivos”). A maior diferença é que estes aqui são lúcidos. Sabem que estão mortos, sabem que algum dia seguirão em frente. Geralmente, por serem mais lúcidos, têm mais discernimento, pois conseguem olhar para a vida que tiveram e para sua existência de forma mais ampla, já não estão presos aos esquemas de raiva-medo-apego. As questões que os prendem ao nosso mundo costumam ser mais refinadas e profundas. Ao invés de desejos de vingança ou medo que os entes queridos sofram com sua partida, o que espíritos nestas condições relatam sentir é algo como se a vida que vinham levando continuasse, como um “bônus” para terminar algo (que pode ser simples e rápido, ou mais complexo e demorado), como o resgate de algum tipo de relação, buscar compreender fatos que vivenciaram, descobrir coisas sobre si mesmos… Em muitos casos, estes espíritos podem ser ótimos amigos. Principalmente os que estão há mais tempo por aqui sabem muito sobre como é ser um espírito, por isso têm muito a nos ensinar.
– Espíritos que voltam: Estes espíritos seguiram em frente após a morte do corpo. Foram para o lugar onde os espíritos vão. Sempre que eu encontrava um desses e tentava perguntar como era lá, eles desconversavam, ou apenas diziam que só tem uma forma de descobrir… indo até lá quando chegar o momento de cada um! Mas, ao que parece, observando como se comportam e o que dizem, a vida continua. Alguns vem para o nosso mundo com alguma tarefa, como acompanhar alguma pessoa que morreu e precise dessa ajuda, trazer um pouco de energia, paz e discernimento para pessoas doentes ou com problemas sérios, que estejam em situações difíceis, trazer mensagens… Outros vêm em visita, seja para rever pessoas queridas (não sei se existe alguma burocracia para isso), ou ainda para avaliar a situação em que pretendem reencarnar, em alguns casos. Na grande maioria das vezes, os espíritos que voltam fazem isso para o bem. São muito lúcidos, pois ao irem para o lugar aonde se vai após a morte do corpo, eles rompem o vínculo com a vida mais recente, que passa a ser vista como apenas mais uma entre tantas outras. Eles já não precisam mais da energia mediada pela carne, podem conseguir forças para se manter no lugar em que vivem. Se por algum motivo um desses te oferecer um pouco de energia, aceite! A energia deles é sutil e muito gostosa, ajuda na saúde e no bem estar. Um dado importante é que, uma vez que os espíritos seguem em frente e cortam o vínculo com a vida mais recente que tiveram, ganham a capacidade de alterar sua aparência. Machucados que apresentavam na morte podem ser curados mais facilmente, podem trocar roupas (me contaram que plasmam as roupas que usam a partir da mesma energia de que eles e todas as coisas no mundo espiritual são feitas, e ainda que em alguns mundos a aparência pode não ser humana, e nesses mundos não há o costume de se usar roupas), podem rejuvenescer (talvez seu avô apareça na forma de menino… mas no caso de antepassados que você conheceu, geralmente eles se mostrarão com a aparência que você poderá reconhecer – ou não, dependendo da intenção deles), podem assumir a forma que tiveram em qualquer vida que já viveram, mas é sempre uma aparência que já foi a deles. Resumindo, de forma geral, estes aqui vêm em paz!
– Espíritos sábios (mentores, guias, protetores…): Eles têm muitos nomes e aparecem em muitas religiões sob a forma de espíritos protetores, iluminados, guias espirituais, etc. São espíritos humanos, que já viveram muitas vidas como as nossas, já erraram muito e já aprenderam com seus erros também. Em certo momento de suas existências, decidem dar um tempo com os ciclos de nascimento e morte e atuam como sábios conselheiros e mentores, ajudam em curas e em outros processos energéticos. São espíritos amigos (não se engane com a palavra, não ache que apenas por serem amigos eles serão sempre simpáticos e engraçadinhos, ou ainda que vão passar a mão na sua cabeça… Aprender algumas vezes pode ser bem difícil). Sabe o que dizem sobre quando o aluno está pronto o mestre aparece? Bom, ela é bem verdadeira! Conforme você avança sem medo em seus estudos e práticas com experiências psíquicas/paranormais, o mentor virá até você, seja por meio de sonhos, presença espiritual ou ainda de forma mais sutil, enviando sinais, intuições e “acasos”. Seu mentor está aí para te ensinar e guiar e ele fará tudo o que puder para isso… Acredite, tudo mesmo! De conversas amigáveis e sugestão de temas para estudo até quebrar o seu computador às vésperas da entrega daquele trabalho superimportante da pós porque ele sabe que mais importante que seus compromissos mundanos, naquele momento, eram os estudos espirituais. Quero deixar claro que estes espíritos, apesar de mais lúcidos que nós, também são humanos, podem sim errar e se enganar como nós, mas ainda assim, podemos confiar plenamente neles, pois além de terem uma visão mais ampla que a nossa das realidades, são muito éticos e têm um grau bem maior que o nosso de discernimento. O maior foco destes espíritos é o bom desenvolvimento da humanidade, seja através de novos conhecimentos seja através de coisas simples como o resgate de valores como a paz e a amizade entre pessoas e povos, o respeito ao próximo e à natureza, etc.
– Os espíritos dos vivos: Não somos todos nós espíritos? Pode acontecer (e acontecerá!) de encontrar espíritos que não morreram. São os espíritos dos vivos, que saem de seus corpos durante projeções da consciência (viagens astrais). Como qualquer pessoa “viva”, suas intenções, grau de lucidez e tudo o mais variam muito. Podem estar fora do corpo com boas ou más intenções, ou mesmo por curiosidade, ou ainda por acidente (projeção inconsciente). Podem estar muito lúcidos ou adormecidos próximo ao corpo físico. Se este for o caso de alguém (ter projeções acidentais), sugiro dominar e estudar bastante esta habilidade, pois este é o melhor jeito de prevenir contratempos e lidar melhor com isso.
Acho que passamos por boa parte das situações em que os espíritos humanos podem estar aqui na terra. Sobre reencarnação, em algum momento todos os espíritos reencarnam, ao que parece, mesmo os mais sábios e “evoluídos”. Mas parece que o tempo entre a morte e a próxima vida pode variar muito. Já vi pessoas (“vivas”) que se lembram de vidas passadas em que morreram pouco antes de renascerem, ao mesmo tempo em que conheço espíritos que já estão mortos há vários séculos, sem perspectiva de quando vão nascer neste mundo outra vez. Não sei do que isso depende, nem até que ponto essa escolha é de cada um.
Sobre a energia mediada pela carne, isso acontece ou quando damos um passe para o espírito, apontando as palmas das nossas mãos para ele e visualizando a energia indo até ele, sempre com pensamentos felizes de amor, paz, harmonia… Expire o ar e veja a energia sair enquanto o ar também sai. Outra forma é quando eles tocam partes nossas com maior fluxo sanguíneo (pulsos, pescoço, região abdominal e outras), “puxando” a energia para eles. Se drenam demais, podemos nos sentir fracos, sonolentos, com frio… Nunca dê energia quando estiver doente ou debilitado de alguma forma. Crianças e pessoas muito idosas também não devem dar energia dessa forma. Já quando recebemos energia, (da forma como eu sinto, pelo menos), nosso corpo se aquece de um jeito confortável. Podemos sentir um leve formigamento, maior disposição e lucidez. Ah, um dado interessante sobre os espíritos que estão aqui terminando suas missões: no começo precisam de mais energia. Conforme recebem com frequência, se fortalecem e precisam cada vez de menos (mas sempre vão precisar). Conforme se fortalecem, eles desenvolvem as habilidades que os espíritos sábios e os que voltam já dominam bem, como a psicometria (perceber informações sobre algo ou alguém através do toque… o que todos nós, “vivos”, podemos treinar também), ficar visíveis ou invisíveis conforme queiram e falar com os outros pela via mental, entre outras tantas.
Sobre deuses, divindades e entidades… ao que tudo indica, é tudo real. Cada deus, deusa ou entidade que os diversos povos e religiões cultuam ou mencionam existe, seja enquanto um ser autônomo, seja enquanto egrégora. Para quem não sabe, uma egrégora, falando de um jeito bem simples, é como um “acúmulo” de energia carregada com uma intenção. Por exemplo, a oração cristã do pai nosso. Independente de haver ou não um deus ouvindo, independente da fé de quem pronuncia as palavras, ela pode sim atuar na realidade, pois de tanto ser repetida ao longo dos séculos, a energia foi armazenada e carregada com a fé e boas intenções de muitas e muitas pessoas… Claro que o mesmo vale para os mantras orientais, as orações de outros povos e culturas. De alguma maneira tudo existe, ou porque já existia ou porque criamos com a nossa fé e energia. Talvez os deuses sejam espíritos humanos muito evoluídos, como sugeriu uma amiga? Sim, talvez. Talvez sejam mesmo deuses. Acho difícil que venhamos a saber sobre a realidade, e acho também irrelevante. O fato é que, seja como for, estão aí.
Espero que tenham gostado. Futuramente pretendo falar mais sobre o contato com os “mortos” (entre aspas, pois quando se sabe que a existência continua, os conceitos de vida e morte perdem um pouco do sentido) e formas de treinar as habilidades chamadas de “paranormais”, o que pode ser muito útil a pessoas que seguem a bruxaria ou apenas queiram se equilibrar entre as realidades em que vivemos. Agradeço à Rosea Bellator pelo espaço e pela forma aberta como conversamos sobre o tema.
Peregrina dos Mundos
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Bom, você deve estar se perguntando quem é Peregrina dos Mundos… bem, eu gostaria de divulgar mais sobre ela, mas por medos inclusive da família, essa moça preferiu que ficasse assim mesmo. O que eu posso dizer? Eu conversei com ela, achei tudo muito plausível e decidimos que seria justo dividir isso com vocês. A Peregrina dos Mundos (sim, esse é um nome mágico) é uma pessoa muito razoável e coerente, acredito em suas palavras. Fiquem a vontade para enviar e-mail para a Peregrina através do e-mail: [email protected] , no assunto mencione esse artigo para ela saber do que se trata 🙂
Rosea Bellator
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