Já falamos sobre a Arte em si, falamos sobre ser religião ou não; agora vamos falar do indivíduo: Quem é o bruxo? O que faz? Por que seguiu esse caminho?

Por todo lugar onde li, por todas as pessoas que conheci que são bruxas, e por mim, posso dizer: o bruxo é um indivíduo que vive a Magia no dia a dia. Estuda o tempo todo, até mesmo sem perceber.

Não estudam necessariamente sentados de frente a um caderno, livros e caneta na mão. Bruxos estudam muito por observação, experiência prática. Por meio de um simples diálogo podem perceber vários fatores sobre uma pessoa: se é mentirosa, se está sofrendo, se é boa pessoa ou não. Costumam caminhar observando tudo e todos a sua volta.

Seu instinto também é treinado através de diversas práticas e é fortalecido por sua autoconfiança, por meio de sua fé em seus dons, etc. Através do instinto, o bruxo consegue distinguir inúmeros fatos, captar novos conhecimentos, sentir o perigo, perceber se o que faz ou vê é certo ou não, entre outros. Sentem imenso prazer em conversas que rendem novos pontos de vista. São curiosos.

É muito comum o bruxo ter poucos amigos, não por serem pessoas tímidas ou algo do tipo, mas gostam de ter plena confiança. Gostam da entrega, de ver e sentir as coisas de coração. Se você não inspira ser uma pessoa que sabe respeitar pontos de vista diferentes ou guardar segredos, dificilmente conseguirá ter um amigo bruxo que lhe conte sobre suas experiências mágicas.

O fato de estarem começando a entender tantos mistérios da Vida, somado ao fato de os bruxos serem curiosos, eis que nos tornamos grandes perguntadores! Queremos saber todos os detalhes, e assim podemos entender o que é ou não relevante.

A vida mágica do bruxo é: ler, analisar, praticar, observar, reanalisar, praticar novamente, anotar tudo desde o início e então entender. Algumas coisas são complicadas e outras nem tanto. E vamos construindo e desconstruindo conceitos. Sempre em transformação.

Ser bruxo também é saber enfrentar suas próprias tempestades internas, refletir, analisar e aprender consigo mesmo. Obra de John William Waterhouse, Miranda - La tempête.

Ser bruxo também é saber enfrentar suas próprias tempestades internas, refletir, analisar e aprender consigo mesmo.
Obra de John William Waterhouse, Miranda – La tempête.

 

Porque escolheu esse caminho? Não há como responder essa pergunta de forma simples e objetiva. Cada um começa de uma forma, por um motivo.

Vou dizer como foi comigo. Tudo começou quando conheci o Tarot. Achei interessante como aquelas 22 cartas conseguem traduzir de forma real nossas ações e emoções. Como poderia aquilo ser possível? Eu, que sou extremamente curiosa, logo comecei a pesquisar sobre.

Assim que li todas as informações que tive acesso, resolvi que para entender melhor, precisava TER aquelas cartas em minhas mãos. Na época eu tinha medo, muito medo de que aquela minha curiosidade poderia resultar, mas segui em frente – uma libriana decidida, isso mesmo! Entrei na loja de artigos esotéricos e comprei o mais rápido possível meu Tarot de Marselha com as 22 cartas. Chegando em casa, escondi as cartas entre meus livros, peguei o folhetinho que vem na caixinha e comecei a ler. Esperei até todos irem dormir, menos minha irmã, que achava aquilo bem legal. Como sempre, louca para fazer testes, comecei a jogar para ela. Embaralhava, fazia um jogo pequeno de 5 cartas e ia lendo sobre cada uma delas no folhetinho. Algum tempo depois, sabendo  de forma básica como funcionava, voltei a pesquisar sobre… e descobri que não estava completo! O Tarot é composto por 22 Arcanos maiores e 56 Arcanos menores. Quanto mais estudava, mais queria jogar e quanto mais jogava mais entendia como funcionava e para que servia! Foi a minha grande descoberta e pontapé inicial! A partir disso, comecei a procurar porque as pessoas dizem que é “do diabo”, pesquisei quem eram as pessoas que usavam tarot, e mais e mais! Descobri o que eram bruxas, mas cada versão que eu lia era diferente e eu não conhecia ninguém. Então descobri que era hora de procurar por pessoas!

Enfim, foram muitos acontecimentos até que eu percebi e passei a aceitar o fato de ser quem sou: bruxa, curiosa, ratinha de livraria, viciada em tarot (desculpem, mas é um deck mais bonito que o outro!), e muito mais! Descobri que sou muitas e todas as minhas faces são de extrema importância. É preciso coragem para encarar, e muito mais para compreender e então – o mais difícil – aceitar!

O bruxo sabe que enquanto ele não se aceitar, não será feliz, terá um vazio imenso dentro de si e não conseguirá seguir adiante de forma próspera em nada. A forma como passam a seguir a bruxaria, ou qualquer uma de suas vertentes, é algo que se deve sentir para entender. Como havia dito antes: ser bruxo é sentir, é ser um indivíduo transformador!

Não há como querer entender ou ser um bruxo sem sentir e se deixar transformar pelos Mistérios da Magia!

 

Até a próxima!

Autor: Rosea Bellator
E-mail: [email protected]
Youtube: Canal Oficina das Bruxas

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