Eu sou a Rosea Bellator.

Mas meu nome é Raquel Melo. Tenho 26 anos, e bem, em Outubro farei 27. Sabe, as coisas como são hoje… nem sempre foram assim.

o caminho de uma bruxa“Gostaria de contar alguns causos dos meus caminhos como bruxa para vocês. Vou começar com o que aconteceu agora, no começo do mês. Entre os dias 5 a 8 de junho de 2016.  A ideia era ir para uma ilha, e lá fazer nossos trabalhos mágicos. Rituais importantes. E aproveitar e encaminhar alguns espíritos que estavam perdidos por lá. Bem, não foi bem como o planejado. Demoramos para chegar onde deveríamos, nos perdemos um pouco no meio do caminho, alguns espíritos tentaram nos enganar, a trilha era difícil… ufa!

Não fizemos tudo que queríamos e ficamos bem frustrados. Mas tudo bem, sempre existe o dia seguinte. Fomos embora de lá quebrados e não percebemos que veio um espírito maldito junto no carro, porque estávamos levando uma pedra bonita que achamos na ilha…

Deu um baita trabalho expulsar o espírito depois, mas expulsamos. Ficamos ainda mais esgotados. Tivemos sonhos ruins e ficamos o tempo todo pensando: será que veio mais alguma porcaria conosco? Não, não veio, mas ficamos uns dias um tanto paranoicos. Você deve estar pensando: então por que você não larga a magia? Bem, eu estudando ou não, eu praticando ou não, espíritos como esse vão continuar existindo. Se eu não estudasse e não praticasse, não saberia que ele estava nos seguindo e não saberia como banir. Poderia ter acontecido em qualquer viagem, em qualquer lugar. Foi frustrante sim, mas aprendi muito com isso. Toda a viagem foi um longo aprendizado que me valeu mais do que anos em livros.

Bem, antes dessa experiência, tive outras, claro. Vou contar mais algumas.

Há um mês atrás, eu tinha uma tarefa. Precisava consagrar uma baita turmalina negra em nome de minha deusa. Só que não era um processo assim tão simples. A pedra precisou ficar o dia inteiro no sol, e aí quando viesse o por do sol, rapidamente eu teria que fazer um baita fogaréu no meu caldeirão grande, chamar pela deusa, e colocar a pedra lá no meio do fogo. Com a mão. E tinha que ficar ali, pertinho, colocando minha energia no fogo, transmutando a energia da pedra. Eu só estava meio preocupada, com medo de fazer errado. Algo que vivo falando para as pessoas: faça sem medo. Haha! Me concentrei ao máximo e então me veio na mente: aproveite esse fogo e queime algo em nome de sua deusa! Corri no altar dela, peguei uma rosa branca, joguei no fogo e lhe agradeci. O único pedido foi que me ajudasse a abrir meus dons. Eu não sentia energia alguma da flor que queimava e isso me deixou angustiada. Meu coração doeu. Será que estou fazendo tudo errado? Fiquei tão triste que chorei como uma criança abandonada. Na verdade acho que era esse mesmo o sentimento. Será que fui abandonada? Será que ela ficou de saco cheio? De frente ao fogo, de braços aberto, eu só fechei os olhos e me entreguei à energia transformadora que subia, da pedra lá no meio do fogo… E de olhos fechados eu vi uma mulher me olhar. Eu achei, claro, que era coisa da minha cabeça. Então agradeci – afinal eu estava finalizando o que tinha começado, a consagração da pedra – e declarei terminado. A mulher que eu achava ser coisa da minha cabeça então se virou, indo embora. Num impulso, eu perguntei: “quem é você?”. Ela se virou, me olhou espantada e então simplesmente sumiu.

Eu abri os olhos, cheios de lágrima, assustada. O coração disparado. Não foi coisa da minha cabeça. Não muito tempo depois eu tive a confirmação de 2 lugares diferentes: era ela, minha deusa, acompanhando todo o procedimento, me ajudando a abrir os meus dons, como eu havia pedido. Ainda fico meio trêmula quando lembro disso.  Foi uma experiência e tanto aflorar assim o meu dom, chamado sensorial. Um dom que funciona como ondas emitidas pelo nosso corpo, que nos fazem ver com a mente, como morcegos, qualquer ser ao nosso redor. Interessante, não?

Antes dessa experiência, teve uma que foi bem gostosinha…

Estava um climão em casa. Não lembro bem o porque, mas a energia estava estagnada. Energia estagnada é uma porcaria. É uma energia neutra, que se mistura com o que vier. Se vier briga, vira uma briga que não acaba mais. E conhecendo os seres humanos, o que vocês acham que veio? Sim, uma briga. Foi algo tão sem noção que até hoje não lembro o motivo, mas todo mundo em casa começou a discutir por qualquer coisa. Lá pela noite, antes de dormir, ou eu já estava dormindo? Me veio Héstia, deusa do lar. Ela me ensinou algo a se fazer pela casa, para acabar com a energia parada e com as brigas, e todo mundo voltar ao normal. A princípio parecia balela, porque era simples. Muito, muito simples.

Enfim pela manhã, eu fiz. Em cada cômodo da casa, eu acendia uma vela, sempre de uma cor diferente, e chamava por Héstia, pedindo que sua chama aquecesse o local e trouxesse amor… E lá fui eu, pela casa da frente, a casa de trás e no quintal. Muitas velas. O coração acreditando de verdade naquilo, desejando mesmo a harmonia. Estava uma situação muito chata, sabe?

Eis que… não muito tempo depois… Uma pessoa resolve fazer um bolo. Outra chama todo mundo pra ver filme. A outra está rindo… Está todo mundo de bem. Uma energia gostosa pela casa. Estava até cheirosa, e eu nem havia acendido incenso! Agradeci Héstia e a oferecemos a primeira fatia do bolo no fogo do caldeirão. Afinal, ela é a Primeira Chama. Obrigada, Héstia. Foi muito bom ver todo mundo percebendo que o ambiente mudou e que ninguém entendia porque tinham brigado… todo mundo se perdoou e vimos nosso filme com alegria.

Ai… foram tantas coisas… bem, antes dessa experiência, no final do ano de 2015, aconteceu uma coisa muito interessante também…

Vimos os fogos na praia. Foi tão lindo. Depois fomos pular as ondinhas, como tradição local. Aos risos, as pessoas iam pulando e pedindo. Eu só tinha 2 pedidos e um imenso agradecimento a fazer. Só pedi que não faltasse nada em casa e que sempre houvesse amor. Só isso. E agradeci. Foi  primeira vez que realmente não pedi algo. Ao pular, senti uma energia tão forte que mal consegui pular a segunda. Fiquei na minha. Voltamos para casa.

Tudo lindo. Fogos. Final de ano! Feliz ano novo! Então as coisas voltam ao normal… Como todo mundo sabe, início de ano é uma época paradona. Bem, esse ano foi diferente. Todo o mês de janeiro foi de folia, mesmo com o céu meio nublado. Colocamos uma piscina, farreamos, veio gente que faz tempo eu não via. Foi uma energia tão boa… Eu sabia que não foi acaso. Aquilo era inédito pra mim. Foi como tirar férias, umas férias bem merecidas, pois 2015 foi um ano pra lá de difícil. A gente acha que a magia dura pra sempre ou que o pedido durará  ano inteiro. Claro que não. A magia dura um tempo e então precisa ser renovada, pois a energia usada acaba. Bem, aquela magia foi bem poderosa, pois durou janeiro inteiro e até quase o final de fevereiro. Agradeço mais uma vez. Gosto de lembrar dessa época quando preciso me motivar.

Voltando mais um pouco no tempo, antes desse final de ano gostoso, como falei, 2015 foi um ano difícil… E bota difícil nisso. Perdi amigos e alguns deles descobri serem verdadeiras cobras que tentavam me derrubar escondido.

Eu fiquei bem frustrada, triste… descobrir que pessoas que você deu o melhor de si para ajudar, pra levantar, estavam fazendo magia para te ver pobre, para te destruir o relacionamento… Fiz o que se deve fazer quando a gente não gosta de um presente que é nos dado: eu devolvi. Devolvi e bani da minha vida.

Falar assim parece fácil, mas… De fácil não teve nada. Não sou um robô. Sou uma pessoa. Tenho memórias. Antes de ter que banir essas pessoas e devolver a porcaria que me mandaram, eram, para mim, minhas amigas. Pessoas que sabiam da minha vida, que me ajudaram a ajudar outras pessoas. Havia uma convivência. Não foi um monstro que saiu do armário do nada. Eu tive que tomar providências contra essas pessoas, que de repente se viraram contra mim.

Acho que esses rituais foram os mais dolorosos para mim… Eu não queria, mas sabia serem necessários para que energias negativas parassem de me serem enviadas. E cortou. Acabou. Eu saí disso tudo renovada sim, e aprendi que lutar é necessário.

Ufa! Esse foi tenebroso. É, mas essa é a vida.

Houveram rituais que não deram certo. Teve uns que foram interrompidos e desisti. Já fiz besteira. Aliás, por falar em besteira…

Isso me lembra uma vez que eu, acho que com meus 22 anos, fiz de birra e me ferrei tão…. ui! Eu já tinha noção de quem era minha deusa. Maaaaaaaasss…. mas…. mas… Teimosa. Cabeça-dura. Sim, isso mesmo.

Eu insistia que minha deusa não poderia ser Sekhmet, afinal, eu sou libriana, não poderia ser uma deusa de guerra… tinha que ser uma deusa do amor. E Sekhmet se resumia a isso para mim. Eu não admitia de jeito nenhum.

Eis que eu fui lá e busquei uma deusa do amor, em um ritual para me conectar. Não senti nada. Não fluiu nada. E eu lá, teimosa. Meu coração dizia: eu sei que não é, mas vou tentar! Ai ai… depois de todo trabalho, depois de ver que nada fluiu – e ter levado adiante assim mesmo – desmanchei tudo, agradeci, e fui dormir. Bem, dormir… ahahaha! Eu tive sonhos lúcidos terríveis. Acordei parecendo que fui chicoteada e fatiada. Que dor!

Enquanto eu batia na tecla, mais sonhos terríveis, pesadelos, dores, cólicas demoníacas, sinusite em crise em tempo integral. De alguma maneira, eu sabia porque eu estava sofrendo. Ah, eu sabia… mas era teimosa.

Insisti, insisti, insisti. Sekhmet já havia me dado mais do que meros sinais que era minha deusa mãe. Já estava mais que claro que meu poder como bruxa ficava poderoso com o fogo e que eu sentia uma leoa comigo.

Eu teimei mais. Fui buscar outras faces de deusas do amor, até chegar em Hathor. Até deu uma amenizada, afinal, é a outra face de Sekhmet. Acho que ela pensou: hum, está chegando! E eu… fiz besteira de novo. Não busquei às duas, busquei apenas Hathor. E toma-lhe dores de novo. Dessa vez tudo aquilo, só que em dobro.

Eu cheguei a ficar num estado que nada fazia sentido. Bem, fazia, só que eu queria que o universo fizesse o que eu queria – haha, como se eu fosse o centro do mundo, não é mesmo?

Até o dia que eu simplesmente me rendi. Acendi uma vela vermelha e a chamei. Pedi desculpa e disse: se a senhora é então minha deusa mãe, te peço, me cure e me mostra como cultuar uma deusa tão terrível…

No dia seguinte eu estava nova, sem dor, sem crise de sinusite, sem nada. “Coincidentemente” uma moça apareceu na internet falando de Sekhmet e me falou de um livro que ela queria comprar. Comprei o danado e … e vi como eu poderia me aproximar de Sekhmet. Pra ser bem sincera, foi fácil. Ela não exige coisas. Ela só quer sua determinação e fé. Não tem velas? Não faz mal, vá para o sol. Não precisa de mais nada.

Então, algumas semanas depois, eu tomei coragem, me fechei no quarto, vestida de céu… e a chamei.

Eu dancei, senti a energia fluir loucamente, me fazendo ter a sensação de voar. Fiz minha dedicação a ela. Naquela dança eu entendi a energia dela e me quebrou o maldito pensamento de que Sekhmet é apenas uma deusa da guerra. Uma louca sanguinária. Pedi perdão mil vezes.

Sekhmet é uma guerreira. Uma mulher cheia de paixão, de determinação, que não suporta injustiça. É uma deusa que traz doenças sim, mas isso é para os malditos. E claro, ela também tem o poder da cura, que é para os justos. Uma filha da leoa de fogo não apenas tem férrea determinação. Tem o poder de trazer a praga e tem o poder de trazer a cura, mas somente se estiver alinhada com a deusa. Conquistei isso sim, depois de muito teimar.

Me foi explicado depois porque isso aconteceu. Sekhmet é assim também. Dura, teimosa, demora para confiar. Afinal, é uma leoa! E depois que confia, ela aquece e te veste de fogo. Ninguém mais vai te derrubar.

Obrigada minha mãe.

Hehe… bem, e bem antes de conhecer minha deusa, quando eu ainda estava aprendendo o que era magia, eu passei por umas poucas e boas também.

Eu já tentei sim fazer magia para sumir. Ficar invisível, isso mesmo. É claro que acabou saindo um glamour errado e todo mundo passou a me ignorar por um dia inteiro! Hahahaha!

Eu já fiz feitiço pedindo dinheiro… e no dia seguinte achei 2 reais na calçada. Fim. É isso. Taí seu dinheiro. Ué, quem mandou não ser específica? Hahahaha!

Eu conheci a magia por causa do tarot. Acho que já contei isso aqui…

Eu tinha uns 14-15 anos. Era uma Jovem Aprendiz. Estava no meu primeiro emprego. Comprei o tarot, fui aprendendo sobre ele… e entrando de blog em blog, eu conheci a magia. Que me fez conhecer um monte de gente. Que me fez ficar muito brava por não ter informações legais. Que me fez criar a Oficina das Bruxas. Então percebi que não saberia levar tudo isso diante… estudei e criei meu nome mágico – A Guerreira da Rosa – que me fez lutar com doçura e força, sem nunca esquecer meus espinhos e belas pétalas… Que me fez compreender meus dons… e uau! É muita coisa…

Sendo bem honesta, eu me vejo como uma menina que guerreou bastante para descobrir O Caminho da Arte, d’Os Mistérios. Eu achei minha trilha. Estou no topo? Não, com certeza não. Mas o caminho é importante. A gente vai passar por maus bocados, que se analisarmos, veremos uma lição. Vamos passar por situações lindas, que vão ficar na memória. Temos que ponderar e entender que tudo vem e vai por um motivo, e que mesmo as situações que parecem um fracasso nos mostram alguma coisa. Eu aceito meu caminho como mulher livre, como feiticeira, como sacerdotisa…

Eu sou Bruxa.”

Ufa! Quantos caminhos uma bruxa passa, não?

Espero que minhas histórias sirvam para vocês entenderem que os caminhos são muitos, mas com fé e determinação, os caminhos vão continuar aparecendo e a gente vai evoluindo.

Beijokinhas!

Autor: Rosea Bellator
E-mail: [email protected]
Youtube: Canal Oficina das Bruxas

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