Editora: Darkside
Páginas: 251
Autor: Caitlin Doughty
Brevemente sobre o livro
Mas Rosea, esse livro nem é sobre magia, nem ensina nada de magia! Como assim ele está aqui? O que deu em você, mulher?
Já explico: Bruxas estudam os dois planos, não é? Esse, o mundo dos vivos… e o plano espiritual. Sem querer querendo, trabalhamos com a vida e a morte. E muitos ficam batendo nessa tecla: morte. Deuses da morte. Tudo sobre a morte.
Esse é um livro que comprei por achar que eram contos de terror ou algo do tipo e… me empolgou bastante ao ler as experiências da autora. São experiências e pesquisas que ela fez, e nos conta com muito bom humor.
No começo, ela vem falando sobre como a morte é terrível. Como é grotesco. Ela até faz planos para um dia abrir uma funerária onde as pessoas tomem chá e esqueçam a parte do luto. Então, conforme ela vai vendo as pessoas e suas culturas, entre conversas com pessoas do seu trabalho – a Funerária onde faz cremações, ela entende que a morte faz parte da vida.
Essa iluminação dela é algo incrível de se ler. Não precisamos esconder isso de ninguém. Sim, você pode e deve chorar. Sim, a nossa sociedade esconde, e ainda dá um jeito de lucrar absurdamente com algo que nem temos mais… nossos rituais.
Teve um conto muito interessante, que eu lembro que quase perdi o ponto de descida do VLT…
A autora falava sobre esses rituais da morte. O embalsamento egípcio, que levava meses, por motivos religiosos – que nada tem a ver com nosso costume de apenas deixar o corpo agradável… Das vigílias do século XIX, onde o corpo ficava até dias em casa, para caso não tivesse realmente morrido. De uma família chinesa que levou até um chorador profissional. Sim, uma pessoa que chora horrores, se debate, grita pelo falecido. Uma forma de extravasar. Talvez, pensando como bruxa, até ajude ao espírito do morto entender que está morto. Ela falou sobre uma tribo de índios canibais. Mas, hey! Eles não saem comendo pessoas porque sim. Eram rituais para destruir o corpo e libertar a alma. Não era agradável. Faziam isso como uma honra. E falou depois de monges que vivem nas montanhas, que não podem cremar o corpo por conta de não terem madeira… então eles picotam o corpo e colocam numa pedra imensa, onde as aves vêm e comem até sumir tudo.
Talvez nos soe bárbaro, absurdo, mas são formas que as pessoas vislumbraram de libertar o espírito. Entendem a preocupação delas?
Eu realmente recomendo esse livro pra quem quiser ver mais do assunto como se estivesse conversando com um amigo, de humor duvidável, mas… que pensando como bruxa, vai te ensinar muito.
Preciso falar dessa parte maravilhosa:
“O filósofo renascentista Michel de Montaigne escreveu no ensaio convenientemente intitulado Dos Canibais que “cada homem chama de barbárie aquilo que não é hábito seu“.
Não foi assim que fomos para as fogueiras e ainda pegaram nossas festas e costumes e deram uma “repaginada para ficar rentável, bonito, aceitável”? … O que tem de abominável, por exemplo, em nossos rituais como o Samhain? Onde falamos com nossos mortos, nossos ancestrais, deixamos presentes, agradecimentos e até pequenos altares em casa? É bárbaro?
Precisamos falar da morte. Precisamos ajudar os mortos a seguirem em paz, sem mais apegos. Se ficarem, que fiquem porque querem guiar, como muitos ancestrais benevolentes. Precisamos parar de esconder o que será de todos nós. Precisamos parar de fingir que não existe mais nada depois disso. Em tantas culturas há a preocupação, o entendimento. O que aconteceu conosco?
Amei essa leitura maravilhosa. Se alguém quiser recomendar algo do gênero, só comentar. Aguardo com todo carinho!
♥
Até a próxima!
Autor: Rosea Bellator
E-mail: [email protected]
Youtube: Canal Oficina das Bruxas