por Malachi Azi Dahaka

Os Persas foram um povo que habitou a região onde atualmente se situa o Irã. O Império Persa foi simplesmente um dos maiores, mais bélicos e mais poderosos, dominando boa parte do Oriente Médio durante seu apogeu. Ficaram famosos recentemente com o filme “300” onde o Imperador Xerxes é interpretado por um famoso ator brasileiro.

Durante o princípio do Império, com o enriquecimento da Pérsia, a religião Védica (baseada nos Vedas, os livros hinduístas – e, portanto, uma forma de Hinduísmo) passou a se tornar totalmente elitista. As altas classes participavam dos cultos, enquanto os camponeses eram deixados do lado de fora dos templos. Neste contraste social, surge um homem chamado Zoroastro, que diz ter sido visitado por um “Anjo” (um “Amesha” na língua persa “Palavi”).

persa persa

O Faravahar (ou Ferohar), representação da alma humana antes do nascimento e depois da morte, é um dos símbolos do zoroastrismo.

Zoroastro passa a disseminar o Zoroastrismo pela Pérsia, que é logo bem aceito pela imensa maioria da população – e aderido pelo Imperador, que institui como religião oficial persa para obter apoio do povo, encerrando o elitismo dentro da religião.

Dentro deste contexto histórico e social de implantação do Zoroastrismo (também chamado Zurvanismo), é elaborada a primeira produção teológica da pérsia, denominada “Zend-Avesta”, o livro da revelação de Zoroastro. Esse livro narrava a criação do mundo e das terras por Ahura Mazda (“Espírito de Luz”, o Deus Único do Zoroastrismo), dos “Anjos” (os Ameshas, auxiliares de Ahura) e como o Deus das Trevas, Angra Mainyush, conhecido por aqui como “Ahriman” passou a contra-criar o mundo. Segundo os mitos Persas presentes no Avesta, Ahura Mazda teria trapaceado Angra Mainyush para obter controle do mundo e habitar na luz. Angra Mainyush estaria então apenas “fazendo justiça” a seu irmão gêmeo.

Sendo marcada por um forte Maniqueísmo, existe um contraste entre Ahriman e Ormazd (outro nome de Ahura Mazda). Enquanto o Deus da Luz era “monoteísta”, possuía liturgias próprias e bem demarcadas e abominava determinadas ações, atos sociais e possuía dogmas rígidos, Ahriman era liberalista. Ele cria, como Deus das “trevas”, a “Bruxaria e a Feitiçaria” – ou Yatukih Dinoih, na língua Palavi.

A Bruxaria Yatukih é, portanto associada à Ahriman. Os Yatus e Pairikas (Feiticeiros e Bruxas respectivamente) eram aqueles que se opuseram as novas regras religiosas e sociais. Renegados que, ao invés de pedir as bênçãos da luz e oferecer o “Soma” (bebida alucinógena consumida nos templos) a Ormazd e reverenciar o fogo sagrado, ofereciam seu sangue, ossos de animais e outras oferendas aos chamados “Daevas”, os auxiliares de Ahriman.

Dentre as diversas “heresias” praticadas pelas “bruxas e feiticeiros” de Ahriman, estavam o ato de enterrar os corpos dos mortos (era proibido “poluir a terra”), tocar o fogo sagrado dos templos, a aceitação da homossexualidade como algo natural, a não subjugação da mulher, entre outros.

Dentro do sistema da Bruxaria propriamente dita, os Yatus se relacionam com a Natureza, os elementos presentes nela. Os planetas, por terem movimentos inconstantes são associados a Ahriman e a sua corte composta por 7 Daevas. O símbolo de Ahriman é o Pavão, a mais bela das aves. Narra a lenda que ele teria criado os Pavões para provar ser capaz de bons atos e boas criações, seus atos de contra-criação sendo apenas uma retaliação contra a injustiça sofrida, que o fez perder a coroa de Deus supremo para seu irmão gêmeo, Ormazd.

Ou seja, a magia Elemental, Planetária, a Necromancia, os Oráculos, o culto a Ahriman e sua corte, bem como a evolução por si, independente das “regras” impostas por Zoroastro e o culto a Ormazd resumem em poucas palavras (e de forma realmente sintética, pois é algo muito extenso a ser descrito em apenas uma postagem), o que é a base da Bruxaria Persa – que libertada os seres humanos da “vontade divina” e permitia que, através da magika, eles criassem seu próprio destino.

Malachi Azi Dahaka
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Blog: Arauto do Caos

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