A seguir um e-mail de uma amiga sobre como ela descobriu a magia e também o espiritismo! Uma longa jornada através dos anos e ainda enfrentando um grande obstáculo que é uma doença terrível (e ignorada por muitos médicos) que é a fibromialgia. Conheça Daniella Di Brandão, uma bruxa espírita guerreira… e também excelente artesã!

Olá Rosea!

O início do meu interesse pela magia foi, inconscientemente, na pré-adolescência. Cresci em um ambiente católico, fui batizada e cheguei a 1ª comunhão. No dia da 1ª confissão antes da comunhão tinha uma fila. Nessa fila, enquanto eu pensava nos meus “pecados”vi outras crianças desmaiarem, vomitarem, tamanho era o nervosismo, o temor. Naquele dia comecei a questionar: eu não acreditava em um Deus mau, vingativo, nunca acreditei. Deus não era aquilo que me falavam quando eu aprontava alguma travessura. Era mais que isso. Com uns 15 anos, já andando sozinha em passeios, lojas, etc, conheci lojas esotéricas. Encantava-me com os cristais, as velas, os aromas, mas em casa vela colorida era coisa de “macumbeiro”.

Bruxa espírita - daniella di brandão

 

Então comecei a ter meus primeiros cristais, essências que eu embebia algodões e fazia sachês com retalhos de tecidos, conheci incensos na casa de uma amiga, me agradava os aromas, mas não conhecia suas propriedades. Então conheci uma loja esotérica que oferecia mais do que vendia. Aprendi a energizar meus cristais, porque até então eles eram apenas enfeites na estante. Comecei a ler sobre cromoterapia e aroma terapia. Sei que é pouco, mas na época, pra mim, era muito. Resolvi fazer sabonetes e sais de banho aplicando essas propriedades. E isso ninguém vê como “macumba” e o mais católico fervoroso que existir vai gostar de tomar banho com um sabonete que tem pode auxiliar no amor, na prosperidade, nos negócios, etc. Afinal simpatias eles sempre aceitaram. Na família e na roda de amigos não tive problemas com essa “forma” de fazer algo de bom para aqueles que me rodeavam. Em casa, incenso e velas nem pensar. Nem a de 7º dia porque poderia causam incêndio, manchar teto, cheiro ruim nas cortinas. Eu sempre gostei de janelas escancaradas, já minha mãe não (ouvi cada uma). Acendi incenso uma vez e tomei uma surra, e já com uns 20 anos.

Lá pelos 23 anos comecei a sentir mais a mãe natureza. Antes disso eu tinha aquela voz da minha vó e da minha mãe dizendo “não toca em animais, vai pegar doença”, “não pisa descalça na grama que dá pereba”, mas eu gostava e fazia mesmo assim. Ia em parques e deitava na grama, abraçava árvores, mexia e entendia cada animalzinho que cruzava meu caminho. Descobri que tudo aquilo era minha responsabilidade, me sentia responsável pelo bem estar daquilo tudo…Ah! E sem falar do mar. Meus pais separados e meu pai morando em Itanhaém…Oh! delicia! Mas ele virou beato depois de velho pra, talvez, tentar um lugar no céu depois de ter uma vida vazia, sem amor pelos filhos (eu sou única por parte de mãe). Dia de domingo na casa dele, ele me cercava pra ir na igreja.. Eu já tinha uma impressão estranha sobre padres, apesar de ter uma infância beatinha, mas eles sempre me incomodaram. Peguei a época que muitos eram estrangeiros e com caras de nazistas. Não conseguia enxergar bondade neles. Voltando ao domingo na casa do meu pai, com a ajuda da minha madrasta, eu conseguia fugir da igreja e ir para o que dizia ser o altar de Deus – o mar – mas, apesar do meu pai pensar que eu sou uma desviada ou coisa parecida, eu ia para a praia, sentava e lá pensava, conversava (não sou muito de rezar as orações impostas e decoradas). Minha mãe com o tempo se auto intitulava sem crença, mas era como “sou ateu, graças a Deus”. O mar me renovava. Muitas vezes, como eu trabalhava em hospitais e convênios, eu tinha horários flexíveis e muitas vezes sai do trabalho pela manhã e ia para qualquer lugar no litoral (o primeiro ônibus que saísse eu estava dentro) e passava o dia sentada ou caminhando na areia, pensando, me renovando. E voltava pra SP a noite.

Nesse meio tempo, voltando um pouco no tempo, por volta dos 16, minha tia conheceu um Centro Espírita e levou suas filhas para os grupos que lá, aos domingos se reuniam para estudar um pouco. Ela me levou e eu gostei da turma. Fiquei por uns 4 anos nessa casa. Pronto! A minha vó nos taxou de macumbeiras, contou para meu pai e meu pai atormentava a minha mãe dizendo como ela permitia, mas minha mãe trabalhava tanto que pra ela o importante é que era algo bom, não dava tanto alarde. Abandonei após uns 4 anos pela correria do dia a dia, trabalho, faculdade…enfim. Continuava com minhas cores e aromas…rsrs

Me casei pela primeira vez e esse marido em questão me julgava falando que eu deveria deixar de “bobagem” que nada disso existia. Ele sofreu um acidente e como ficou acamado e eu tinha que ralar pra manter tudo, para não pirar descobri a meditação. Eu não tinha conhecimentos, nem lido muita coisa, mas me sentava no meu quintal, respirava calmamente, me desligava de tudo, imaginava o ar da maresia, o cheiro das plantas quando chove. Isso me manteve muiiiiito firme. Foram anos complicados e após uns 5 anos, parei tudo. O cansaço batia…não fazia mais nem uma salmoura, quanto mais um chazinho. Eu não vi isso acontecer, virei uma workaholic e esqueci de mim…perdi minha essência…fiquei aberta a tudo…e ferrou tudo…

Casei novamente… Conheci um novo Centro Espírita, não reconhecido pela Federação (nossa em SP isso é “ohhh, que horror!”) mas não me importava. Eles não eram reconhecidos porque estudava o espiritismo e o espiritualismo. Falava-se sobre cores, aromas, Reiki, intuição, atendimento médico espiritual, cristais, chás. Sempre tinha uma palestra nova. Lá que entendi muita coisa. Eu estava no começo da minha doença, a fibromialgia, mas nem sabia o que era e fui chamada pelo mentor espiritual da casa a trabalhar na assistência médica, na assistência da cromoterapia, pra “represar” toda energia acumulada em mim. Sem contar que o trabalho na caridade, nas festas de crianças carentes, por exemplo, também davam um efeito visível… aprendi a força do pensamento. Claro que no dia a dia é mais complicado com a correria, mas duas vezes por semana já me ajudavam muito. E o fato mais marcante que aconteceu foi na assistência médica. Vou explicar como funciona: um médium que incorpora recebe um médico espiritual que alivia as dores e o entendimento daqueles que o procuram. Ele me disse, sem sequer ter dito uma palavra, que eu conseguia liberar uma boa parte dessa energia acumulada praticando a minha arte, que há um tempo eu não praticava…(parei tudo e me deixei cair), disse sobre minha intuição, que muitas vezes eu achava bobagem e não dava a devida atenção e escolhia caminhos ruins pra mim. Que eu tomasse controle disso que era um dom…que eu entendesse que os meus sintomas eram importantes e que eu escolhi isso antes de vir pra esse plano, que eu contribuiria pra muitos não sofrerem no futuro. Chegou a vez da assistência e ele tratando de um homem com sequela de AVC, um senhorzinho que era a alegria de orfanatos e abrigos quando se vestia de palhaço e os visitava, agora estava preso naquele corpo. Ele me deu o braço desse senhor e pediu pra segurar a mão dele. Eu chorei tudo que tinha pra chorar em anos, e ele me olhava e dizia que através de mim uma médica indiana agia. Quando passa, você vai pra casa, parece que tudo foi sonho.

daniella di brandão - 2

Passou alguns meses e como foi muito intenso aquele atendimento, eu não podia participar porque eu estava fragilizada, lá estava eu em uma festa beneficente, querendo trabalhar, servir, mas tudo caía das minhas mãos, achei um cantinho que eu poderia ser útil, recebendo os convites na entrada. Chegou o “Papai Noel” e pegou nas minhas mãos e agradeceu por ser tão especial. Eu não entendi nada, mas sabia que os médiuns dali, que eram dedicados a orientar, “sabiam das coisas”. Mais tarde vi meu marido sentado ao lado daquele senhor que eu conheci na maca de assistência e quando ele levantou pra eu me sentar vi que a parte debaixo era a calça do Papai Noel e vi que ele pegava os talheres sem a grande dificuldade de antes. E ele andava. Acreditar é o maior poder e ele soube disso. Em paralelo, outro médium me mostrava sobre vidas em outros planetas (no começo você fica espantado, depois começa a fazer sentido). Ele “recebia” esses amigos para poder transcrever suas mensagens de esperança. Nesse mesmo Centro Espírita tivemos oportunidades de conversar abertamente com outros espíritos bons e também orientar aqueles que estão perdidos e não encontram a luz. Foi uma experiência muito rica pra mim, mas por ser longe não frequentei mais. Por alguns meses caí, despenquei, mas no desespero das dores sempre me lembrava das palavras deles que foram esclarecedoras e orientadoras. Comecei a reagir. Procurei outra casa, passei por tantas, algumas até que me davam medo, (rsrs) mas não me encontrava. Até a última a qual digo ser “minha casa”. Cada Casa Espírita segue um “roteiro” mesmo sendo reconhecida pela “federação espírita”, mas nessa era tudo novo pra mim. Temos a palestra, sem pudores, esclarecedora, adaptada a realidade, e o trabalho que consiste em uma mesa com médiuns que recebem espíritos que ali procuram socorro. Digo que procuramos evolução espiritual pelo amor ou pela dor e confesso que voltei pela dor. A federação exige que o médium que incorpora, trabalha, tem que ter o estudo de duração de 2 anos e blá blá blá, mas nessa casa sabe-se que muitos tem a mediunidade aflorada e que podem ser muito úteis e bem vindos mesmo sem o tempo pra tais estudos. O estudo tem muita base na Bíblia, adaptado ao Evangelho segundo o espiritismo, mas torna-se maçante e eu por exemplo, não gosto porque questiono muita coisa escrita em um livro por um mortal, mas respeito. Eu estava pra fazer minha primeira cirurgia, uma infiltração simples, porém, em centro cirúrgico, e era desmarcada toda semana e cada dia mais perto do Natal. Resolvi ir pela primeira vez.

Sofri vampirismo de encarnado, parente próximo, e vi que eu tinha que aprender a lidar pra evitar efeitos colaterais. Trata-se de um pronto socorro espiritual. Muitos falam através dos médiuns quando a necessidade é grande de aprendizado para ambos os lados, mas certas coisas jamais serão ditas pra não influenciar na decisão terrena. Lá estava eu após a palestra, diminuiu a luz, os médiuns na mesa e um “amigo” não muito amigável apareceu. Você pode estar, ou atrair, espíritos amigos de outras vidas, inimigos, espíritos escravos de lugares que causam mau (trabalhos)…e eu tremendo igual vara verde (medo do novo?). Muitas vezes eles vem bravos, angustiados, ou se apegam a você pela sua mediunidade, e se você não tem o controle podem sim te levar a loucura. Pela minha mediunidade, apenas sensitiva, mas que muitas vezes abro a guarda e “eles” gostam de sugar minha energia. Tenho que trabalhar constantemente. Durante esse trabalho tenho que vibrar por aqueles que estão na “mesa”. Mediunidade não é dom, mas também não é castigo, mas você tem obrigação de fazer algo pelo próximo, de “trabalhar” na assistência. Os médiuns vibratórios, como eu, que estão ali pra ajudar a manter o equilíbrio, principalmente aos médiuns terrenos. Confesso que termina a sessão de 1 hora e eu fico esgotada, mas feliz…

Nós pedidos ajuda, mas o que muitos não entendem é que eles precisam de ajuda. Se você está em paz, centrada, em alerta, firme você ajuda aqueles espíritos que te procuram a encontrar a luz. Não existe inferno, mas acredito no umbral destacado em alguns filmes espiritas. Acredito que você recebeu um corpo e uma missão que você mesmo discutiu e aceitou suas regras, seu destino antes de vir a esse mundo pra saldar dívidas passadas. Sim, seres iluminados não precisam reencarnar. Eles trabalham por lá e há muito trabalho por sinal. Enfim, eles vêm ao médium e te falam porque estavam com você e de lá, após a conversa, eles aceitam ser levados a colônia e se preparar para uma futura vida terrena ou mesmo se saldou suas dívidas a trabalhar nessas colônias ( que por sinal são muitas, principalmente em nosso país). Tem espíritos que narram sua ligação a ele no passado, suas maldades, e que eles ficam por centenas de anos ligados a se vingar e te procuram e por falta de “luz” eles acham que Deus escondeu você pra ele não achar. Com a narrativa deles você aprende a se policiar, a perceber se ainda tem preconceitos, maldade no coração e lá mesmo já ouvi outras narrativas de espíritos que narraram os absurdos, a maldade humana em “nome de Deus” contra as mulheres na inquisição, por exemplo. Já vi uma palestra onde se falou da mulher e foi dito sobre as “médiuns” que titularam como bruxas perversas, etc. Vir para esse plano como mulher é uma responsabilidade maior que como homem, porque a mulher tem, digamos, “obrigação” de cuidar, ver, abrigar, sentir, etc, muito mais que um homem. Também gostei de ver Jesus Cristo como um homem normal, porém iluminado, mas terreno.  Amigo, Deus não é nem nunca foi o malvado da Igreja e a Mãe Natureza como Mãe Suprema, que anda ao lado de Deus. Notei também pessoas de outras religiões no Centro Nova Era, o qual frequento…todos são iguais…

O meu “desespero” é não poder fazer mais pelo equilíbrio do mundo…pelas vidas na terra, mas sempre que vejo notícias ruins, procuro centrar meu pensamento sem julgamento e mandar vibrações boas. NÃO É FÁCIL! Somos humanos e errantes, mas procuro fazer a minha parte…os medos do “desconhecido” eu não tenho mais. Não gosto de beatismo em qualquer religião (se eu fico 2 semanas sem ir ao centro, uma vizinha vira a cara pra mim…aff)…

Eu posso contribuir em qualquer lugar que eu estiver, desde que o pensamento esteja no lugar certo. O Pai Nosso é a única oração que faço não por “exigência” de religião, mas porque acredito que algo dito por vários seres em vários cantos desse mundo ou daquele tem uma vibração gigante e pode fazer a diferença, como um mantra…

O meu caminho e o que busco é me encontrar, fazer minha reforma íntima. O mundo, o planeta pede pra cada um e por isso admiro a magia e a espiritualidade, pelo respeito a todos os elementos, por mostrar a importância da mulher e do homem também. É muito importante mostrar a função de cada um em busca do equilíbrio. Fim do mundo não existe, mas o mundo pede socorro porque os valores mudaram e estamos em uma bomba relógio.

Ainda tenho muito a aprender. Aos poucos quero evoluir e encontrar o equilíbrio. Sei que é gradativo, não de uma noite para o dia, mas é minha meta, é o que tenho buscado recentemente porque noto minha melhora a cada dia…

daniella di brandão - 3

Como você vê, comecei a me interessar cedo, mas por falta de conteúdo deixei um buraco vazio, retomando agora. Essa fase do espiritismo é o que foi e é bem marcante pra mim…

Daniella Di Brandão
E-mail: [email protected]
Blog: Mãos de Bruxa
Página no Facebook: Mãos de Bruxa

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Não lembro como conheci a Daniella! É daquelas pessoas que aparecem devagar e … e já faz parte do dia a dia, dos rostos amigos que você está acostumado. Engraçado esses acontecimentos, não? Parece que você conhece a pessoa faz teeeeeeempo!Bom, espero que o relato dela sirva como uma ajuda, apoio, uma forma de largarem seus medos e encararem a vida! Avante Daniella, espero ver ainda mais de sua evolução! Abençoada seja!

Rosea Bellator

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