Será que… eu poderia conversar com vocês hoje?

Muitas pessoas me perguntam como conheci a magia, como eu aceitei isso tudo, como lido com as pessoas que não entendem e tudo mais… Bem, vamos lá?

Eu nasci numa família pobre, sem muitas instruções, assim como a grande maioria desse Brasilzão.

Não me lembro bem quando meu pai se tornou Testemunha de Jeová, mas sei que minha mãe sempre dizia: Deus está dentro de você, não tem que provar nada pra ninguém. Ela também sempre contava sobre coisas que aconteceram com ela e a família dela. Sonhos, coisas sobrenaturais. Eu não acreditava, mas achava o máximo! Uma “ótima história”.

Cresci como muitas meninas de onde morava, até meu irmão comprar um vídeo game. É, eu, minha irmã e meu irmão ficamos viciados, AHAHAHAAHAHAHAH!

O tempo passou. As ruas ficaram perigosas, minha mãe fazia de tudo para que não saíssemos. Eu entendo e agradeço imensamente por isso. Então acabei ficando num esquema escola-casa-vídeo game-ler-ler-ler-ler-dormir-repita tudo novamente.

Sempre tive gosto pela leitura, dentro ou fora da escola. Lá pros meus 12 (eita, nem lembro mais!), meu irmão apareceu com um jogo chamado Final Fantasy 8. Enlouqueci, AHAHAH! Acabei virando amante de jogos de RPG e foi aí que comecei a procurar literatura em inglês. Na época não tinha Google, notebooks, nada dessas coisas pra facilitar a vida! Hunf! Tá pensando o quê?

Aconteceram muitas coisas nesse tempo. Conheci a mitologia, descobri que não existia só a religião cristã, descobri que o mundo vivia e pensava MUITO diferente do meu mundinho. Lá pros meus 15 eu conheci o jogo Persona 3.

Mas… Mas…Rosea, que doideira é essa? Calma…

Jogando esse jogo eu descobri o Tarot.

No começo eu só fiquei intrigada. Que coisa legal, que interessante! Quem nunca assistiu um filme de kung fu e depois ficou se imaginando lutando igual? Ou quem nunca se pegou cantando como o cantor favorito? Eu tinha 15 anos, adorava ler, adorava mitologia e acabei ficando muito curiosa com esse negócio de Tarot. Será que esse negócio existia?

Eu já estava trabalhando nessa época, numa empresa para menores aprendizes. Caminhando num dos bairros mais comerciais de Santos, eu achei uma loja esotérica… e adivinha o que tinha lá? Um Tarot de Marselha. As figuras eram diferentes das do jogo, mas eram os mesmos nomes e parecia funcionar do mesmo jeito. Curiosa que era (e sou!), comprei sem pensar duas vezes.

Li tudo que podia do folhetinho, consagrei como mandava e comecei o estudo. Treinei jogando para minha irmã. Foi o máximo. Daí em diante não parei mais. Adorei aquele negócio. Comprei outras cartas, com outras figuras, mesmos significados. Aprendi mais, e mais… mas faltava algo.

Enfim, lá pros meus 19-20 anos eu consegui um computador (aleluia!)! Já tinha estudado bastante os livros esotéricos da Biblioteca Municipal, mas ainda não era o bastante. Com a ajuda do nosso amiguinho Google eu conheci blogs, pessoas, e os lindos PDF’s. Eu vi que não estava sozinha e nem era doida!

Passei por um monte de coisas, situações, brigas, desencontros, encontros, experiências mágicas que eu achava ser “coincidências”. Vi algo sobre “magia”. Não botei fé, mas como curiosa, eu li. Li… li… me apaixonei.

Apareceram e foram pessoas, cada uma me ensinando algo. Descobri em minha mãe (uma bruxa que não sabe que é bruxa, HAHA!) o meu maior e grande apoio, juntamente de meu parceiro amado (outro bruxo não assumido HAAHAHAHAH!).

Apareceram os medos e dilemas. Eu nunca tinha cobrado para jogar tarot e achava errado cobrar. Eu não entendia como fazer magia, mas fazia! Eu achava que não tinha que ensinar nada pra ninguém, mas acabei ensinando e aprendendo mais ainda. Continuei os estudos, conversei com todo tipo de pessoas e enfim comecei minha trilha mágica sozinha. Ouvi vozes, vi coisas, passei por “testes”.

Com a ajuda de várias pessoas, foi criada a Bruxaria da Depressão, a princípio apenas um canal para rir. Bobagem, eu sei. Depois descobri o poder da comunicação, descobri como as pessoas levavam aquilo a sério e me pareceu perfeito para trazer estudos. Então a Oficina das Bruxas nasceu. Pessoas foram, pessoas vieram. Algumas ficaram no meu coração, outras não.

Nessa época eu conheci meu parceiro, uma pessoa que me deu toda força e apoio que eu jamais imaginei. Eu nunca pensei em ter alguém comigo, e pelos péssimos exemplos que vemos por aí, também não fazia muita questão. Agradeço imensamente aos Deuses por ele ter aparecido na minha vida.

Daí em diante uma avalanche de informações surgiram, uma avalanche de pessoas apareceram pedindo ajuda. Descobri que a magia estava em tudo, às vezes “muito fantasiada”, às vezes simples, às vezes escancarada. Eu ouvia a magia, estudava e respondia. Elas seguiam seu caminho. Eu ainda tinha medo da coisa toda, enfrentei o dilema do medo, dos deuses, da deusa, do deus. Das religiões. Entendi que o mal está nas pessoas, não num ser específico. Se eu tenho uma faca eu posso usar para cortar alimentos ou machucar pessoas. Entendi que a magia é exatamente assim.

Entendi que somos pessoas, que cada um tem seu caminho, que ninguém pode dizer uma Verdade Incontestável. Descobri que jogar Tarot está além de cobrar ou não. Muitas pessoas eu não cobro, eu sei que não precisa. Outras eu cobro sim. Passei por muita coisa até chegar a isso. Ouvi pessoas, vozes, a Deusa. Entendi que a energia é algo muuuuuuuuuito particular, varia de pessoa para pessoa, que cada um tem sua forma de lidar e aprender. Tem pessoas que valorizam o ser humano simplesmente pelo fato de ele ser um ser vivo, tem outras que só valorizam seu trabalho se for cobrado, tem outras que só valorizam se for popular. É difícil e ainda estou aprendendo sobre isso. Aprendi a diferença entre ser boa e boba! Que tem muita gente sonsa e mentirosa sim! Que tem gente perdida e confusa! Que tem gente com medo aos montes…

Aprendi isso tudo quando resolvi me dar a chance de entender o que era “magia”.

Lembro quando minha mãe me viu jogando e disse que aquilo atrasaria minha vida. Continuei. Respeitei a opinião dela, mas continuei. Com o tempo ela viu que não era nada disso. Ela sabe hoje. Até compra umas velas pra mim e acende incensos em casa. Diz que traz bons ares. Meu pai não fala sobre isso. Entendo que ele tem o caminho e lições dele e acredito que ele sabe o mesmo. Respeitamos um ao outro. Sem piadinhas, sem ofensas.

Acredito ter sido muito abençoada, ainda com tantas pessoas falando mal do meu trabalho, hihihi. Sinceramente, isso não me importa. Cada vez que ajudo alguém num ritual, com o tarot (cobrado ou não), com algumas palavras, com um artigo… cada vez que leio ou escuto “Obrigada, me ajudou muito!”, toda minha caminhada brilha e sinto que vale e que valeu a pena.

Aprendo todo dia, não sou nenhuma mestra. Nunca disse isso, nem peço que digam. Não melhor, nem pior que ninguém.

Criei este blog para dividir minhas experiências, minha jornada, meus pontos de vista.

Aprendi com Sekhmet, hoje aprendo com Athena. Não sei amanhã.

Enfim…

O que eu gostaria de dizer é: cada um tem sua própria trilha, sua própria jornada. Contei só um pedacinho da minha. Sem muitos detalhes, senão lascou-se! HAHAAAHAH! É muita coisa, é muita gente, são muitas experiências!

Cada um aprende o que tem que aprender, basta abrir espaço, acreditar na sua voz interior. Não tenha medo, o que tiver que acontecer, vai acontecer na hora certa. Seja bruxaria, seja Wicca, seja xamanismo, seja budismo, seja lá o que for. Apenas peço respeito. Com você mesmo e com os outros. Somos diferentes. Não tem jeito, ninguém vai pensar igual a ninguém! Semelhante sim, igual não!

Vidas passadas? Virão se tiver que vir. Dons? Virão na hora certa. Amigos? Virá e ficará quem é de verdade. Família? São os que te amam e respeitam. Deuses? Existem sim, e para cada um será uma face diferente.

E é isso. Não acredito em ninguém que imponha uma verdade, que saia no tapa gritando, impondo, falando mal de alguém por pensar diferente. Eu tenho minha crença e cada um tem a sua.

Até a próxima!

Autor: Rosea Bellator
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