Hoje vamos ver um estudo mais completo, sem firulas, sobre a deusa Perséfone. Pesquisa feita por Sorcha.

– (…) Perséfone não pode devolver vida aos mortais que já se foram. Partilho meu reino com minha filha, então ela tem domínio sobre todas as coisas que se desenvolvem: flores, árvores, o trigo do campo, a grama sob seus pés… Isso tudo responde ao toque de Perséfone – explicou Deméter.- E ela também pode criar a luz. Não pense que o Submundo é um lugar escuro e triste. A presença de Perséfone evoca a luz.

– A Deusa da Primavera (P.C. Cast)

Arte do livro “Persephone and the Pomegranate” de Kris Waldherr.

Arte do livro “Persephone and the Pomegranate” de Kris Waldherr.

A Deusa da Primavera, a Deusa do Submundo, A Rainha do Inferno, onde ela está ela se estabelece e se adapta, ela muda com frequência entre os mundos e não se abala facilmente…

Perséfone é uma mulher dependente e ao mesmo tempo independente, ela é apegada àqueles que cuidam dela e ela passa por cima de todas as coisas ruins e toma estas coisas ruins como lição para si, para dar amor e ser um apoio àqueles que precisam dela. A partir do momento em que ela teve que viver com Hades por duas estações ela amadureceu, se tornou uma mulher sensata, flexível e compreensiva, e então ela renasce como a menina inocente e despreocupada.

Conhecida por seu amor e sabedoria, ela é a Deusa que inclui, é a Virgem inocente, a que se torna a Mãe e a Anciã cheia de sabedoria.

“O Rapto de Prosérpina” - Bernini

“O Rapto de Prosérpina” – Bernini

Utilizei livros, sites e informações de pessoas que estudam a bruxaria para poder criar este estudo, o que eu aconselho para quem gosta de estudar mitologia é sempre ler narrativas do mesmo personagem em várias mitologias e também ler resenhas de outras pessoas que já estudaram à respeito.

Uma dica é o livro chamado “As Deusas e A Mulher” de Jean S. Bolen, ele aborda bastante as deusas, seus arquétipos e sua relação com a mulher ou o homem no mundo material, pesquisei bastante nesse livro pois acho que uma boa maneira de se relacionar com o mundo espiritual é entendendo sua relação com o mundo material e esse livro nos traz essa reflexão e entendimento. A partir deste livro é possível entender quais são as marcas da personalidade de Perséfone no nosso cotidiano, como podemos observar algumas de suas características em nós e em outras pessoas.

Histórias, Mito e Lendas de Coré

O Rapto de Coré

A moça corre pelos campos verdejantes, parando de vez em quando para colher flores. Despreocupada, ri e brinca, sem desconfiar de que bem perto dali alguém a vigia, de pé numa carruagem, oculto no arvoredo. É Hades, o deus dos mortos e dos mundos subterrâneos. Esse sinistro personagem, sombrio e inquietante, nunca conseguiu encontrar uma deusa que aceitasse casar-se com ele. Resolveu então lançar seus olhos cobiçosos sobre a alegre moça, Cora, única filha de Deméter, deusa dos trigais e das colheitas.

Ele a espia. Enquanto isso, Cora se aproxima. De repente, com um brutal rangido das rodas, Hades faz a carruagem correr a toda a velocidade e agarra Cora pela cintura levando-a para longe.

Um pastor de ovelhas e um guardador de porcos, que tomavam conta de seus rebanhos na vizinhança, olham assustados quando passa aquele bólido puxado por cavalos negros.

Então, em meio de um barulho terrível, o chão abre-se e engole a carruagem.

Sem ligar aos gritos de pavor da inocente Cora, Hades carrega-a para baixo do solo, para o triste reino dos infernos.

Ao cair da noite, Deméter vê que a filha não volta. A deusa vai ficando cada vez mais preocupada. Sai pelo campo à procura da jovem. O acaso faz que encontre os dois homens que testemunharam tudo.

Eles, aterrorizados, contam-lhe o que aconteceu. Infelizmente esse relato não deixa dúvidas. Deméter reconhece logo o raptor de sua filha e desespera-se, pois não pode imaginar como vencer o implacável Hades, irmão de Zeus (E de Deméter também).

No auge da aflição, Deméter sai vagando pela Terra. Louca de dor, proíbe que o capim, as árvores, os frutos e os cereais cresçam. Dali a poucas semanas, a espécie humana está ameaçada de morrer de fome.

Tanto das cabanas mais pobres quanto dos palácios mais ricos, erguem-se lamentos que dilaceram o coração. Os homens levantam seus punhos em direção aos céus, as mulheres gemem e as crianças choram.

Ao ouvir esses gritos de dor, Zeus inquieta-se e alarma-se. Envia vários deuses para acalmar a dor e a raiva de Deméter e pedir-lhe que faça renascer a vegetação. Mas Deméter está irredutível: nenhuma planta nascerá enquanto Cora não for devolvida. Preocupado, Zeus resolve então mandar seu mensageiro Hermes, rápido e habilidoso, tentar dar um jeito nessa situação difícil.

Hermes ordena a Hades que leve Cora de volta à mãe. Mas, ao mesmo tempo, anuncia a Deméter que sua filha só regressará se, durante a temporada no inferno, não tiver tocado em nenhum alimento dos mortos. Felizmente, desde seu rapto a moça não comeu mesmo nada. Passou o tempo todo chorando e gemendo, assustada pelo lugar apavorante para onde foi levada contra sua vontade. Por mais que fique furioso, Hades tem de ceder diante do mensageiro de Zeus. Manda buscar Cora e, mal disfarçando a decepção, anuncia-lhe:

– Você é infeliz em meu reino, e a sua mãe está com saudades. Vou devolvê-la.

Essas palavras acalmaram tanto o desespero de Cora que suas lágrimas secam. Ela quase dá um beijo no sombrio Hades. Este manda preparar a carruagem de Hermes e ordena que a moça suba. Os cavalos estão quase partindo quando um jardineiro de Hades aproxima-se e, com um sorrido malvado, diz:

– Ainda há pouco, Cora colheu uma romã no pomar e comeu sete grãos. Eu contei!

Então a coitada provou mesmo a comida dos mortos, embora muito pouco.

Cabisbaixa, ela reconhece que o jardineiro diz a verdade. Hades sorri, satisfeito. Sem esperar mais nada, ele também pula na carruagem, indo com o jardineiro, Hermes e Cora a Elêusis, no leste da Grécia, onde mora Deméter. Esta, radiante de felicidade, pode enfim abraçar a filha que julgava perdida para sempre.

Mas sua alegria dura pouco. Hades logo lhe conta o incidente da romã, confirmado pelo testemunho do jardineiro e pela confissão da própria Cora. A notícia descontrola Deméter, que, em sua dor violenta, grita:

– Já que é assim e que eu não vou mais ver minha filha, então vou manter minha maldição sobre a Terra! O solo ficará estéril para sempre!

Em sua sabedoria, Zeus propõe uma solução: durante três meses do ano, Cora viveria debaixo da Terra com o marido, Hades, e então se chamaria Perséfone, “aquela que causa destruição”. Nos outros nove meses, porém, ficaria com a mãe.

A proposta não satisfaz ninguém, mas é aceita por todos.

E é por isso que, na Primavera e no Verão, quando Cora está com Deméter, esta cobre a Terra de uma vegetação luxuriante e verde. No Outono, quando se aproxima a hora da partida, Deméter fica triste, as plantas deixam de crescer, as folhas secam. Mas, quando a filha se transforma na inquietante Perséfone, a deusa, desesperada, amaldiçoa o solo.

E nada cresce durante os três meses que os homens chamam de Inverno.

“Plutão e Prosérpina” de Caetano Lopes de Moura - 1840. Prosérpina é outro nome de Perséfone.

“Plutão e Prosérpina” de Caetano Lopes de Moura – 1840. Prosérpina é outro nome de Perséfone.

Como é possível ver, há diferenças com outras versões

1 – Em algumas versões constam que ao estar colhendo flores, uma ninfa a acompanhava;

2 – Alguns dizem que foram 3, 4 ou 7 sementes de romã que Perséfone comeu enquanto permanecia no Submundo;

3 –  No lugar do jardineiro, em outras versões, Perséfone confessa por si mesma ou inventa para sua mãe que Hades a forçou a comer as sementes de romã;

4 – Um dos tópicos mais importantes a serem abordados: Em algumas versões Perséfone é quem dá a ideia de passar metade do ano com Hades

Primeiramente, e se pra ela não foi um sacrifício à decisão de Zeus, de ter que viver com Hades? E se isso se tornou algo que ela queria? Isso traz um significado a mais para o mito, devido ao fato de que ela tomou suas próprias decisões mesmo ainda sendo a Coré, e a partir dessa decisão ela se tornou uma mulher sábia. É a partir de decisões que as pessoas amadurecem e nesse momento de escolha de viver com Hades ela amadureceu, ela mostrou a vontade dela aos demais e arcou com as “consequências”. 

Algumas outras lendas de Perséfone

– Sabázio, é um dos filhos que Perséfone teve após se relacionar com uma serpente, que na realidade era Zeus, que se transformou após ficar atraído pela beleza da filha;

– Perséfone é uma grande rival de Afrodite, pois as duas ficam disputando homens e o “título” de mais bela;

– Perséfone teve outro filho, chamado Zagreus, há uma variação entre as lendas, algumas colocam Hércules como pai de Zagreus e outras falam que Sabázio, na verdade seria Zagreus.

Hera com muita inveja de Perséfone por ter tido um filho com Zeus, ordenou aos titãs para que o destruíssem, e Zagreus ao se transformar em touro para fugir, acabou sendo pego pelos titãs – eles despedaçaram-no e o devoraram.

Atégina. Mármore, Pedro Roque Hidalgo. Museu do Mármore, Vila Viçosa (Portugal), 2008.

Atégina, em mármore, Pedro Roque Hidalgo. Museu do Mármore, Vila Viçosa (Portugal), 2008.

Perséfone, Prosérpina e Atégina

Nos contos gregos, a Deusa Perséfone é a Rainha do Submundo e Deusa da Primavera, filha de Deméter e Zeus e amante de Hades. Porém, Perséfone é uma personagem que também marca a mitologia romana e lusitana, com sua lenda um pouco modificada e personagens com nomes distintos, porém continua sendo a Rainha do Inferno e a menina inocente ao voltar para os braços da mãe.

Na mitologia romana, Perséfone é então a Deusa Prosérpina ou a Coréia, a Deusa que tinha o poder de tirar a vida dos demais, a Rainha do Inferno e esposa de Plutão.

Filha de Ceres e Júpiter, a Deusa foi raptada por Plutão enquanto estava colhendo flores acompanhada de uma amiga, a Cianéia, uma Ninfa. Ao descobrir que Prosérpina fora raptada, Ceres ficou depressiva, e também como Deméter, viajou todo o mundo à procura de sua filha, porém, Ceres descobriu através de Aretusa – uma ninfa (e em algumas versões pela Ninfa Cianéia) – que Plutão foi o que tirou Prosérpina de seu lar.

Ceres pediu a Júpiter que tomasse alguma providência para que a filha pudesse voltar, e Júpiter proferiu que se a mesma não tivesse comido nada enquanto estivesse no submundo, poderia voltar. Porém, o oficial de Plutão advertiu que vira a Deusa comendo seis sementes de romã e diferentemente de Perséfone, em alguns contos, Prosérpina teve de viver eternamente com Plutão, e em outros, ela poderia voltar para passar a Primavera e o Verão com Ceres.

Assim como Zeus, Júpiter se transformou em serpente e amou Prosérpina; tiveram um filho, Sebázio, que foi reconhecido por ter costurado Baco (Deus do Vinho – Dionísio na mitologia Grega) na coxa de seu pai, mas também há outras histórias que ditam que a mãe de Baco era uma mortal e ao se apresentar para Júpiter, morreu fulminada. Como a mesma ainda estava grávida, para que a gestação pudesse continuar, Júpiter costura Baco à sua própria perna para que a gestação pudesse prosseguir e por fim, deu certo!

A imagem de Prosérpina como Deusa Romana é temida, representada sempre ao lado do marido, sentada ao trono de ébano com um facho na mão de onde sai uma chama envolvida por fumaça negra. Se há um ramalhete de narciso em sua mão, é a recordação do dia que ela colhia flores e foi raptada por Plutão.

E por fim, chego a Atégina, a Deusa Lusitana da Primavera, da Fertilidade e do Renascimento, mas que também faz uma viagem ao Submundo, só que, ao em vez de ser raptada, o amor da vida de Atégina foi morto por um javali e para reencontrar seu parceiro, Atégina foi ao submundo e seu amor agora era o Deus do Mundo dos Mortos, Enobólico. E, como Perséfone, a Deusa Atégina desce ao Submundo no Equinócio de Outono, mas no Equinócio de Primavera ela volta ao mundo para ver a vida, o sol e a natureza.

 Epítetos de Perséfone

Para quem não sabe, epítetos são palavras que juntam com nomes ou coisas para formar uma outra palavra à qual dará origem a um significado. Aqui, apresento a vocês algumas dessas junções e seus significados.

Os nomes de Perséfone também tem seus significados, por exemplo, antes de ser raptada por Hades, ela chamava-se Coré ou Koré, o que significa “Moça Virgem”, mas Perséfone, foi o nome atribuído a Deusa a partir do momento que iniciou sua morada com Hades, é um nome infernal, cujo significado é “Aquela que destrói a luz”.

  • Despoina: Senhora
  • Karpophoros: Frutífera
  • Ctonica: Do Submundo
  • Leptynis: Destruidora
  • Megala Thea: Grande Deusa
  • Prôtogonê: Primogênita
  • Sôteira: Salvadora
  • Hagne: Sagrada
  • Daeira: Sábia
  • Praxidikê: Executora da Justiça
  • Epaine: Temível

Por que é importante falar sobre epítetos? Porque pessoal, nem sempre teremos tudo nas mãos, é necessário criar rituais, criar até mesmo encantamentos, utilizando palavras “secretas” e objetivas, tornando-as palavras de poder.

Carta do Tarot Mitológico, Perséfone aparece como A Sacerdotisa (note que ela está dentro do Submundo e lá fora estão os campos em plena Primavera.

Carta do Tarot Mitológico, Perséfone aparece como A Sacerdotisa (note que ela está dentro do Submundo e lá fora estão os campos em plena Primavera.

A Imagem de Perséfone: Tarot, Astrologia e Simbologias

Para compreender a imagem de Perséfone, a maneira como ela age e trabalha e possuir a habilidade de trabalhar COM ela, é necessário entender a imagem dela, o arquétipo de Perséfone.

A primeira e mais marcante característica de Perséfone é a sua inocência, que pode ser facilmente comparada com a face da Deusa, a Donzela, a Virgem. Ela tem dois aspectos já que ela vive entre dois mundos e duas fases da vida e apesar de seus dois aspectos ela é a representação do ciclo da vida: “Se Perséfone passa a estação estéril do inverno no Inferno, ela certamente voltará como a donzela virginal na primavera”, segundo Laurie Cabot em “O Poder da Bruxa” (1989, p.298).

Inicialmente, Perséfone é a menina que é brutalmente arrancada da sua adolescência, dos braços da mãe, do prazer de ser adolescente, para enfrentar as responsabilidades de uma mulher; apesar disso, ela se adapta à situação, ela é flexível, e em decorrência disso, é denominada de “A Deusa das Mil Faces”.

Então passamos para a fase de mulher de Perséfone. Essa transição, ocorre a partir do momento que ela come as sementes da romã, e posteriormente quando toma a decisão de estar ao lado de Hades, o que a faz perder sua inocência, tornando-se então aquela que conhece o obscuro e o oculto, mas que continua amorosa, sempre guiando os vivos ao voltar para a terra, e sempre tranquilizando e ajudando as almas pelos seus caminhos.

Aí então podemos ver a Deusa regida pela lua, ela é mística, tem a conexão com o espiritual; a partir do momento em que ela serve de apoio para as almas no Submundo, ela se torna uma guardiã dos segredos e se torna a Papisa, a Alta Sacerdotisa. Como uma mulher regida pela lua, ela está em sincronia com os seus ciclos menstruais e sempre realiza experiências místicas, está ligada à sua alma, à sua intuição e à magia.

Do tarot à astrologia, a Deusa Perséfone é a personificação do signo de Virgem. Este signo é o da compaixão, do amor, do cuidado. Coré era conhecida pela sua pureza e inocência, característica marcante dos virginianos. E acima de tudo, Virgem, tem a mesma facilidade de adaptação que Perséfone.

Então é isso, compreendendo Perséfone da cabeça aos pés, é possível interagir com essa Deusa tão íntima do nosso interior.

O Retorno de Perséfone, Frederic Leighton, 1891.

O Retorno de Perséfone, Frederic Leighton, 1891.

Feitiços e Rituais Cotidianos com Perséfone

Primeiramente, eu gostaria de deixar algumas coisas bem claras, assim como existem tipos de feitiços para cada fase da lua, há também feitiços e rituais para cada fase de Perséfone. Mas apesar disso, a maioria dos feitiços da Deusa, remetem aos sentimentos e não é algo estritamente necessário que um feitiço seja feito em determinada estação.

A primeira fase de Perséfone é aquela onde procuramos colocar em prática rituais que tenham a ver com o amor, a beleza, juventude, com o suavizar de nossa vida. Podemos fazer rituais para esquecer o passado, para viver intensamente e para a colheita de bons frutos em nossas vidas.

O feitiço que vou colocar, é da Rosea, postado na página do Facebook Oficina das Bruxas:

Feitiço para o amor perdido da Deusa da Primavera (é verão, portanto ainda temos a presença dela no Olimpo)

Espere à tarde, quase no por do sol. Nem muito sol, nem muita sombra.
Dentro do seu caldeirão, acenda uma vela (qualquer cor).
Envolva-se num véu (também de qualquer cor).
Diga o que sente, seus temores e suas expectativas.
Coloque pétalas de flores ao redor da vela, ervam relacionadas ao amor (EXEMPLO: manjerona), pequeninos pedaços de carvão e ateie fogo (sim, com a vela lá dentro). Espere terminar de queimar.
Observe as cinzas e como ficou a vela:

1 – Resistiu demais para queimar e quase não queimou nada = ainda dá para tentar outra vez, mas cuidado com suas atitudes exageradas.

2 – As coisas queimaram bastante e sobrou pouco: Pode ser que não tenha mais jeito. Fique na sua e espere. Caso passe o período de 2 lunações completas, desista de vez.

3 – O fogo queimou tudo e das cinzas que sobraram, não há nada reconhecível = esquece, já era, acabou. Faça um buquê de flores, ENTERRE em nome à Deusa da Primavera (Perséfone) e vá embora. Evite voltar ao local. Isto servirá para te ajudar a esquecer do amor perdido.

Deméter e Perséfone, Triptolemus criança (baixo-relevo de Eleusis, Atenas).

Deméter e Perséfone, Triptolemus criança (baixo-relevo de Eleusis, Atenas).

Dicas para Feitiços e Rituais de Perséfone

Como é difícil encontrar rituais “diferentes” do que estão na internet, em vez de colocar aqui um ritual que eu tenha criado, pois, ainda não criei nenhum, e não me sinto preparada para isto, vou colocar algumas dicas e práticas para que vocês possam entrar em contato com Perséfone no dia a dia.

  • Perséfone é a Deusa da Primavera, é sempre bom cultivar um jardim dedicado ou não a ela, e peça para que ela ajude você a cuidar desse lugar especial. Se quiser plantar algo dedicado à ela, semeie ervas relacionadas ao amor ou ao misticismo.
  • Ter amor ao próximo, altruísmo e sensibilidade é uma atitude nobre – e sem dúvida alguma – sempre praticada por Perséfone, ela ajuda àqueles que a pedem ajuda, às almas dos vivos e mortos;
  • Viver no presente, viver a vida com alegria, mesmo que for uma pessoa de mais idade, desfrute de cada experiência e lição da vida para mudar e agir sempre com a alegria e inocência de Coré, mas com a sabedoria de Perséfone.. Não importa a sua idade, se você tem deixado de aproveitar cada segundo da sua vida ou tem vivido de cara fechada, nunca é tarde demais para mudar!!;
  • E de novo, repito, viver, e vou te explicar o porquê de repetir: Perséfone, apesar de ter sido raptada, tirada de sua juventude (alguns contos relatam até que fora estuprada), ela passou por cima disso tudo… Então por mais que você PENSE que a sua vida está mal, e mesmo se ela estiver, passe por cima, será melhor para você e para todos, mas pense em si mesmo e deixa de lado o que estiver ruim;
  • Primavera indica a natureza desabrochando, Perséfone é a Deusa da Primavera, e bruxaria tem TUDO a ver com natureza… Cultive e se aproxima da natureza. Observe e cultue;

E assim, como para qualquer Deus/a que te abençoe, acenda a este/a Deus/a uma vela de vez em quando, converse com ele/a.

Exercícios Meditativos com Perséfone

O exercício meditativo que criei é para que possamos entrar em contato com a energia da Deusa Perséfone, é uma meditação simples e é preciso entender que depende de você mesmo entrar em sintonia com Perséfone pois a magia vem de dentro da gente e a concentração na meditação é o que fará a diferença.

Você irá precisar de:

  • Uma vela preta.
  • Um copo de água

Antes de mais nada, é necessário estar em um quarto ou o seu jardim ou qualquer lugar onde você não seja interrompido e que você tenha tempo, assim você não irá ficar com pressa de terminar. O que faremos agora…

Primeiramente temos que abrir o círculo, dentro dele você irá colocar a vela, a água e o abrirá em torno de você. Então você irá acender a vela – à sua frente – mentalizando a imagem, o nome, as características de Perséfone e irá colocar o copo de água ao lado da vela.

Após, sente-se em uma posição confortável, em posição de lótus ou meia lótus é legal, pois a energia flui melhor pelos chakras e pelo corpo.

Posição da lótus

Posição da lótus, por Physical Fitness, Mental Health & Well-being.

Primeiramente, você irá prestar atenção na sua respiração, se concentrar em limpar a mente. Há várias maneiras: você pode prestar atenção no movimento da respiração pelo nariz, ou concentrar-se no tórax. Você tem que aprender a meditar e saber qual é a melhor técnica para você, para mim é prestar atenção no vento que entra e sai pelo meu nariz.

Após alguns minutos, você irá se sentir mais relaxado, mais limpo e a mente estará mais saudável e aberta para a energia de Perséfone.

Então, você irá começar a prestar atenção na chama da vela, ficar ali, olhando a vela, relaxando, pegando a energia da vela para você. A vela estará emanando a energia de Perséfone, e então você pegará a energia da vela para si.

Fique o tempo que for necessário, o tempo que você sentir que você está bem calmo, sentindo uma energia diferente, a energia da Deusa. Que tipo de energia é essa? É uma energia de renovação, de beleza, de atitudes, cura? Se você ainda não sentiu ou distinguiu, persista, concentre-se na energia emanando da vela.

Então feche os olhos e pensa que de onde você está, você começa a descer, descer, descer por um buraco negro, mas que no final tem uma luz escura. Você chega a um jardim, é um jardim cheio de romãs e ervas relaxantes e místicas. Você vê de longe uma linda mulher, com um vestido escuro, que olha para você, chamando-lhe com seu olhar.

Você se aproxima dela e ela abre seus braços, você a abraça de volta, ela acaricia seu cabelo e você primeiramente agradece a ela por lhe receber. Depois você começa a contá-la o que quer, você quer beleza? Por quê? Você quer cura, quer somente conversar? Quer apoio? Quer um colo? Você quer coragem, inocência, sensualidade? Justiça? Tudo que se refere à Deusa Coré ou Perséfone, você pode lhe pedir.

Depois de falar tudo e de sentir o carinho dela para com você, você irá agradecê-la novamente e irá percorrer seu jardim, colher algumas flores, e oferecer a Perséfone como agradecimento.

Então, você irá sentir como se estivesse subindo, subindo até onde você estava antes de partir. Você irá abrir os olhos aos poucos, com calma, e poderá beber a água. Agradeça novamente a Perséfone e desfaça o círculo.

“Persephone” por Kris Waldherr.

“Persephone” por Kris Waldherr.

Mabon e Perséfone

Agora me fala: Qual a relação entre Perséfone e Mabon? MUITA COISA. Mabon é o Sabbat da Colheita, entre Lammas e Mabon ocorre o período da colheita dos grãos e então a colheita das frutas e flores. E Perséfone, é a Deusa da colheita das flores, dos frutos, e das ervas em geral, já que a sua mãe Deméter é a Deusa da Agricultura, e Perséfone herdou os dons de sua mãe.

No equinócio de Outono, muitos seguidores da Wicca realizam rituais para a volta da Perséfone ao submundo, já que nas estações de Primavera e Verão ela volta à sua mãe Deméter, e entre o Outono e o Inverno ela permanece com Hades.

A data também é muito especial devido ao fato de que a Deusa Perséfone é voltada para o interior, para o oculto. Muitos acreditam que o oculto é sempre algo “ruim”, mas na realidade é o oculto interior, aquilo que temos medo, mas também aquilo que nos faz bem, são nossos pensamentos, sentimentos e segredos que estão lá no fundinho da gente. Voltar-se para o interior é uma prática mística e especial, e quando você planta algo em seu interior, em sua vida, você a colhe, e esse é o espírito de Mabon, é a colheita daquilo que antes nós fizemos  para arrumar o nosso jardim, tiramos as ervas daninhas, plantamos algo, e colhemos esse algo. A Bruxaria dita o bem, e quando celebramos os Sabbats, estamos plantando um bem maior dentro de nós, na nossa vida ou na dos demais e então praticamos a colheita. Interagir com o nosso eu espiritual é importante para nos desenvolvermos.

Aqui vou colocar algumas práticas para Mabon que remetem a Perséfone:

– Uma atividade muito legal para honrar a Deusa e abençoar a sua volta ao submundo é fazer, cozinhar, comer pratos que contenham romã.

– Fazer pequenas reflexões ao longo do dia a respeito do nosso interior e observarmos tudo aquilo que estamos colhendo (bom ou ruim, tudo é uma lição em nossas vidas) e também refletir: O que plantarei no próximo período fértil da minha vida? O que eu quero colher? O que eu posso mudar no meu jardim ou até mesmo arrancar dele para que eu possa plantar coisas boas em minha vida?

– Agradecer. Agradecer é bom em todos os momentos. Perséfone é uma Deusa amorosa, ou seja, o amor é agradecer, é reconhecer os atos dos demais em nossas vidas.

– E como a Deusa Perséfone é a Deusa da colheita das flores e frutos, invista na plantação e colheita de ervas em sua casa. Conversar com as plantas e cuidar delas é a atividade perfeita para quem quer celebrar Mabon e ao mesmo tempo abençoar a volta de Perséfone, ou até mesmo, apenas a invocá-la.

Em Terracotta, busto de Perséfone no Museu Arqueológico de Aidone.

Em Terracotta, busto de Perséfone no Museu Arqueológico de Aidone.

É isso aí pessoal, espero que vocês gostem!!

Não sou uma expert, inclusive, está é a primeira vez que escrevo qualquer texto do tipo e fiz de todo meu coração com a ajuda de Perséfone e de pessoas que trilham no caminho da arte e sempre estão ao meu lado!

Coloquei fontes aqui caso vocês queiram dar uma pesquisada, ler os livros (recomendo) e estudar ainda mais sobre Perséfone! 😉

Bibliografia

A Grécia: Mitos e Lendas – Alain Quesnel / Jean Torton

Almanaque Místico – http://almanaquemistico.blogspot.com.br/2013/01/deusas-e-luas-luas-e-deusas.html

As Deusas e a Mulher – Jean Shinoda Bolen

Astrologia da Paz – http://astrologiadapaz.wordpress.com/2013/10/31/demeter-e-persefone

Clube do Tarot – http://www.clubedotaro.com.br/site/m32_02Titi.asp

Goddess of Spring – P.C. Cast

Iberia Aeterna – http://iberiaeterna.blogspot.com.br/2008/05/atgina.html

Kris Waldherr: Art and Words – http://kriswaldherrbooks.com/main

Mais Tato http://www.maistato.com.br/2012/08/02/deusas-persefone

Mulheres, Mitos e Deusas – Martha Robles

Nerd Mitológico – http://nerdmitologico.blogspot.com.br

Novo Dicionário Aurélio

O Despertar Feminino – http://odespertardofeminino.blogspot.com.br

O Livro de Ouro da Mitologia – Thomas Bulfinch

O Poder da Bruxa – Laurie Cabot

Richard S. Johnson Fine Art – http://rjohnson.fineartstudioonline.com

Wikipédia – http://pt.wikipedia.org/wiki/Portal:Mitologia

Witch Clubhouse – http://witchclubhouse.blogspot.com.br/2013/03/mabon.html

Abençoados sejamos todos nós!

Sorcha
E-mail[email protected]