Como conheci a magia!

“Sempre achei que 12 anos era pouca idade pra saber o que se quer na vida, foi quando eu descobri que era mais uma cabeça pensante na terra e foi quando descobri que meu amor pela natureza e histórias fantásticas incluindo ela como protagonista não era apenas uma admiração, era algo que ia muito além.
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Morar numa cidade pequena tem lá seus privilégios, longe da poluição da capital eu tinha a honra de ver o céu limpo, sem nenhuma nuvem, apenas as estrelas e a lua, e eu conversava com ela, minha fiel confidente, sabia de meus anseios e pequenos medo do início de uma vida. Olhar para o céu me fazia pensar que a lua pode ver tudo lá de cima e se ela podia enxergar além do físico, o que ela enxergava dentro de mim? Por que eu me sentia parte daquilo, parte da noite, parte da árvores de meu quintal e parte dela.
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E então um dia vagando por sites astronômicos em busca de novas chuvas de meteoros e eclipses pra ver, bati o olho em uma propaganda “a magia da lua” cliquei meio afobada e parei em um site de exoterismo. Aquela madrugada eu li todos os artigos do site e de manhã fui com a cabeça pipocando pra aula. Muitas incógnitas e entre elas “Será que isso é verdade”
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Mas dentro de mim eu já sabia que sim.
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Contei minha descoberta pra uma das poucas amigas e ela me olhou com cara de assustada e em seguida achou graça “magia não existe” fiquei meio desmotivada mas não desistir. Procurei em outros sites pela palavra magia até encontrar a palavra Wicca e então fiqueir impressionada com o fato de que magia existe, de que tudo que era fantasia na minha cabeça era real e que, principalmente, eu não era uma maluca. Pesquisava todos os dias coisas novas e a noite olhava a lua e imaginava que um dia eu seria algo que ela se orgulhasse, uma bruxa.
E então sem muito estudo, muito menos prática realizei meu primeiro feitiço e nossa, foi um completo fracasso. Naquele momento eu me sentia uma bruxa super experiente, mas quando terminei não senti aquela energia que os livros tentam descrever, eu sentia nada. E aquilo foi uma das sensações que não esqueço, eu olhei a lua e não senti nada.
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Por um tempo isso me deixou pra baixo, meio duvidosa. E depois de mais estudo, descobri que simplesmente eu tinha feito tudo errado e aquilo nunca daria certo. Eu lia livros, artigos, blogs falando sobre covens, e eu nunca ouvia sequer falar de um grupo de estudos de bruxos na minha cidade. E então eu fui uma bruxa solitária, aprendendo por livros, escutando algumas piadas, somadas as sérias preocupações da minha mãe  foram as poucos me desanimando, até que chegou a época que marcou minha vida, a escolha do vestibular o que fazer, o que não fazer, correr e estudar, buscar livros na biblioteca e então a lua passou ser apenas a lua, os livros ficaram empoeirados e eu comecei a esquecer do que fazia parte.
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Um dia, voltando pra casa do colégio, a noite começou a cair, ia andando com calma até que escutei algo atrás de mim e me virei, e então eu vi o nascer da lua cheia, cobrindo toda a cidade com seu brilho, e parada em meio a carros e motos eu via a lua me observar como quem pergunta “o que você tem feito?” E então lembrei que em um tempo não muito distante eu não era apenas uma pessoa olhando o céu, eu sentia as energias das estrelas e da lua, e talvez aquilo fizesse parte de mim, parte que eu não poderia ter esquecido.
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Voltei a estudar magia, mas ainda me sentia triste por não ter com quem compartilhar, vez outra um comentário aqui ou ali em blogs mas nada concreto, nada de criar laços com pessoas que pensam igual a mim. Por um bom tempo ser uma bruxa solitária pesava muito, mesmo com o que aprendi em livros não repassar conhecimento me deixava triste.
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A parte mais engraçada de ser uma bruxa é quando perguntam qual a sua religião. As pessoas te olham como se você tivesse enlouquecido de vez e esqueceram de ter mandar pra uma consulta com psiquiatra, eu já sou acostumada com esses olhares, o fato mais importante na minha vida como bruxa foi a aceitação de minha família, apesar de eles não entenderem bulhufas do que eu sou e no que acredito, ter o respeito de quem eu amo faz toda a diferença.
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E hoje, com 20 anos, duas décadas completas de vida, ainda com tropeços, com erros, tentando conciliar a magia com o início de minha vida profissional, as coisas que eu sinto quando olho para a lua ainda é a mesma coisa que aquela garota de 12 anos sentia.
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Sentir os laços da magia nos envolver, faz todo o trabalho duro valer a pena, mesmo sem ter com quem compartilhar, não dar para deixar de lado algo que me faz ser a pessoa que eu sou hoje, que enxerga magia em cada esquina, em cada flor, em cada árvore, que sente o pulsar da terra nos pés, a leveza da chuva, o calor magnífico do sol e o preencher do ar em meus pulmões, todas essas coisas valem a pena, e a jornada é longa, mas sempre gratificante”.
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Leticya C

Querida, muito obrigada por enviar sua história! Cada um encontra o próprio caminho de um jeito, e sempre que podemos conhecer um pedacinho da história dos outros, nos ajuda a entender que não estamos sozinhos nesse mundão! Coisa  mais linda, né?!

Oh sim, quem quiser enviar um e-mail contando a própria história, seja contando como se entendeu com a magia, com  uma divindade, enfim, fique à vontade! Só enviar para [email protected] ! Hohoho!

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Um beijinho!

Até!

Rosea Bellator